O deputado federal Marcus Vicente, presidente do PP no Estado e candidato à reeleição em 2018, por ter foro privilegiado, continuará sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura suposta corrupção no futebol o recebimento de propina para beneficiar empresas de mídia e marketing.
A decisão foi adotada na quinta-feira (26) pelo ministro Celso de Melo, que acolheu solicitação do Ministério Público Federal (MPF) para desmembrar o inquérito para a primeira instância, no Rio de Janeiro. Marcus Vicente é um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo que foi mantido na última eleição, realizada neste mês.
Ele é um dos mais atuantes parlamentares na liberação de verbas federais às prefeituras, em decorrência de seu livre trânsito nos gabinetes oficiais de Brasília. Chegou a ser cotado para a Presidência da CBF, mas preferiu manter a aliança com o presidente eleito, Rogério Caboclo, do grupo de Marco Polo Del Nero, que foi banido do futebol.
Com uma longa história entre os cartolas do futebol no Brasil e grande influência na Federação Capixaba de Futebol, Marcus Vicente subiu também no ranking de lideranças mais cobiçadas no Estado, por conta do montante de recursos financeiros que ele controla.
Na mesma investigação sobre corrupção no futebol estão implicados os ex-presidentes da CBF, José Maria Marin, já condenado nos Estados Unidos, e Ricardo Teixeira, suspeitos de participação em diversas irregularidades relativas à Copa do Mundo de 2014 e ao suposto financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
O inquérito foi aberto com base no relatório alternativo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, de 2015, elaborado pelos senadores Romário (Podemos-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que indiciaram os dirigentes, apesar de o relatório oficial, de autoria de Romero Jucá (PMDB-RR) e aprovado pela comissão, não ter indiciado ninguém.
Em sua argumentação, o Ministério Público afirma que “os indícios iniciais foram apontados no relatório alternativo da CPI do Futebol 2015, de autoria dos senadores Romário e Randolfe Rodrigues, e abrangeriam a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 (COL)”.
A investigação foi processada no Juízo da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Considerando que o investigado Marcus Antônio Vicente exerce mandato de deputado federal, os autos foram encaminhados ao STF, onde permanece para apuração de crimes de evasão de divisas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade
O deputado Marcus Vicente requereu o arquivamento do inquérito, alegando ausência de justa causa. Ele argumenta que o ofício nº 088/2017-GSRJ, de 16/08/2017, expedido pelo senador Romero Jucá, relator da CPI do Futebol de 2015, desqualificaria as irregularidades indicadas pelos senadores Romário e Randolfe Rodrigues, ao consignar que o relatório final da CPI não indiciou qualquer pessoa e que os votos proferidos por esses senadores sequer foram apreciados pelo plenário da CPI.
O Supremo, no entanto, não acatou o pedido, apontando a necessidade de, primeiro, ter acesso ao relatório da CPI. O pedido foi encaminhado ao Senado.
Banimento
A decisão do ministro Celso de Melo foi divulgada no mesmo dia em que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) anunciou o banimento do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, com base nas mesmas investigações, iniciadas em 2015.
Além de Marco Polo e Marcus Vicente, estão implicados os ex-presidentes da CBF José Maria Marin, que está preso nos Estados Unidos, e Ricardo Terra Teixeira, Gustavo Dantas Feijó, Antônio Osório Ribeiro Lopes da Costa, Carlos Eugênio Lopes, Marcus Antônio Vicente, José Hawilla e Kleber Fonseca de Souza Leite