Os vereadores de Nova Venécia (noroeste do Estado) aplicaram dois pesos e duas medidas em relação ao seu colega Valdemir da Silva Pereira (PDT), o Mir de Guararema. Um dos pesos foi extremamente leve: foi “inocentado” em uma denúncia de assédio sexual em que é acusado de oferecer emprego em troca de favores sexuais.
Nem mesmo as imagens enviadas à mulher que o denunciou foram levadas em consideração pelos seus pares. E a denúncia foi arquivada pela Câmara Municipal.
Neste caso, livre da acusação pelos vereadores, Mir de Guararema ainda pode pagar pelo crime de assédio sexual. A Promotoria de Justiça de Nova Venécia o denunciou à Justiça. Pode perder o mandato.
A absolvição do vereador foi vista pela presidente do Grupo de Inteligência Municipal (GIM), Natache Fiel, como absurda. Ela lembra que o vereador enviou fotos nu via WhatsApp à pessoa que o acusou, e que as imagens foram apresentadas na denúncia. De nada valeram, pois prevaleceu o corporativismo dos vereadores.
Quais foram os vereadores que votaram por arquivar a denúncia? Natache Fiel aponta que foram os vereadores Claudio Marcos Alves dos Santos (PTB), Evaristo Miguel (PTB), Jocimar de Oliveira Silva (PHS), Dejanir Jose Dias (PSB) e Juarez Oliosi (PSB). No total, a Câmara de Nova Venécia tem 13 vereadores.
Nesta quinta-feira (29), a presidente do GIM informou que o vereador Mir de Guararema foi denunciado por outra mulher por assédio sexual e que o promotor irá denuncia-lo.
Cobrança do caixão
Em relação à denúncia do outro crime, a venda de um caixão doado pela prefeitura, mas do qual o vereador teria se apropriado, o peso dos vereadores foi maior: não tiveram como livrá-lo da denúncia. Pelo menos não conseguiram que Mir de Guararema escapasse da investigação da Corregedoria da Câmara Municipal. A corregedora é a vereadora Gleyciaria de Araujo (DEM).
Como foi a história de Mir de Guararema neste caso? Ele queria R$ 500 pelo caixão que é doado pela prefeitura. A pessoa se recusou a pagar, e pediu orientação a um Policial Militar (PM). O policial disse para não pagar e orientou a fazer a denúncia à Câmara e à Promotoria de Justiça.
A presidente do GIM acrescenta que há outro absurdo neste caso. A funerária Unipax cobrou para cuidar do corpo e não usou formol. O sepultamento da mãe da denunciante teve que ser realizado à 1 hora da madrugada, pois não havia como esperar o início da manhã para fazer o enterro.
Outros processos
Além do caso de Mir de Guararema, há outros processos envolvendo vereadores de Nova Venécia. Este mês, o Ministério Público ajuizou ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra o vereador Josiel Santana, conhecido como Biel da Farmácia (PV), por interferência na marcação de exames e consultas em diversos órgãos de saúde.
Em julho passado, o vereador Ronaldo Mendes Barreiros (SD) teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar e improbidade administrativa. Ronaldo foi denunciado por peculato-furto de um notebook que pertencia à Câmara, onde ele trabalhava.
De acordo com a denúncia, o vereador retirou o notebook do gabinete de vereadores e o levou para casa, em janeiro de 2017, quando o legislativo estava de férias. A cassação do vereador foi motivada por iniciativa popular.
Há um terceiro acusado, o vereador Luciano Pereira dos Santos (PV), que continua afastado do cargo por decisão judicial. Conhecido como cabo Tikeira, ele responde a processo em que é denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPES) pela prática de Rachid, em que o político toma dinheiro do funcionário que o atende.