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Busca ativa de contaminados é fundamental para controle da pandemia

Dados mostram que 61% dos infectados não procuram os serviços de saúde. É hora de fortalecer a atenção básica nos municípios

EPSJV/Fiocruz

O trabalho dos agentes de saúde alcança nesse estágio de crescimento da curva de casos de Covid-19, uma importância crucial para o controle da pandemia, principalmente entre as famílias mais vulneráveis e numerosas do Espírito Santo. 

A avaliação é da epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e integrante do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), coordenado pela universidade e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que assessora tecnicamente a Sala de Situação de Emergência em Saúde Pública do governo do Estado. 


“É muito sintomático dessa doença: 61% das pessoas positivas não sabiam que estavam positivas e não tiveram nenhuma orientação, continuaram a vida normalmente, infectando muitas pessoas”, pondera Ethel.


É talvez o dado mais importante da terceira etapa do inquérito sorológico para Covid-19 – cujos resultados preliminares foram apresentados na manhã deste sábado (13) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) – ressalta a epidemiologista, pois mostra que o vírus está circulando sem conhecimento de quem o transmite e de quem se contamina com ele, e também sem controle dos serviços de saúde municipais e estaduais.
A hora, mais do que nunca, enfatiza, é de fortalecer o trabalho dos serviços municipais de atenção básica, seja para intensificar a busca ativa de casos, seja para orientar a população sobre os cuidados com isolamento social.

Nessa terceira fase do inquérito, explica, as equipes foram nos mesmos setores censitários que nas fases anteriores, nos mesmos bairros, nas mesmas regiões das cidades, e encontraram muito mais pessoas infectadas.

Continua mais alta a prevalência da doença entre famílias que vivem em residências com mais de quatro moradores e onde o grau de instrução é mais baixo, bem como a prevalência maior entre as populações pretas e pardas.

Com o vírus circulando de forma ainda muito acelerada, expõe, é difícil prever quando a curva de contaminação irá se estabilizar. “Somente 7,36% da população já entrou em contato com o vírus, ainda tem muita gente suscetível”, alerta.

Daí a importância ainda mais crucial dos agentes comunitários de saúde, que conhecem as famílias e podem fazer um trabalho de busca ativo efetivo, com acompanhamento e orientação que podem salvar muitas vidas.

A pequena redução da velocidade nesse terceiro ciclo, em relação ao anterior – o Índice de Transmissão (Rt) passou de 1,8 para 1,6 na média estadual – já pode ser resultado da massificação dessa recomendação, acredita. “Se a atenção primária entrar forte ali, a gente pode reduzir mais a velocidade de transmissão”, orienta. 
O Painel Covid-19 desse sábado (13) confirmou 509 casos e 29 óbitos no Espírito Santo pela doença nas últimas 24 horas, totalizando 26.011 e 1.028, respectivamente, até o momento. O isolamento social na sexta-feira (12) foi de apenas 45,5% e a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fechou o sábado (13) em 85,23% na média estadual e 88,79% na Grande Vitória.
A previsão feita no final de maio pelos pesquisadores do NIEE para esta data foi de 1.026 mortes, lembra Ethel. “O distanciamento social, com renda para as pessoas ficarem em casa, combinado ao respeito daqueles que podem fazer o isolamento, teria outro resultado. Ainda dá tempo para mudar”, conclama.

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