Quinta, 02 Mai 2024

Gestante denuncia médica por encerrar atendimentos com 37 semanas de gestação

Apesar de ter sido proibida pela Justiça, em setembro de 2014, a cobrança de uma taxa de disponibilidade por parte de médicos para a realização de partos na rede particular parece ainda ser prática comum no Estado e vem atingindo diretamente o pré-natal de gestantes. É o caso de Alessandra Guedes, que está com 39 semanas de gestação e não tem mais o acompanhamento da ginecologista/obstetra que a acompanhou ate as 37 semanas.



Alessandra conta que ficou grávida em dezembro de 2014, mas estava com o plano de saúde da Unimed suspenso. Por isso, entrou na Justiça para a reativação do plano. Ainda assim, procurou a ginecologista Greice Batalha, que a acompanhava há 15 anos para uma consulta particular e realizou todos os exames iniciais. Como o acompanhamento inicial seria todo particular – até que a Justiça decidisse pela reativação ou não do plano – ela optou por fazer o acompanhamento pré-natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no início da gestação.



Em abril o plano foi reativado por liminar judicial e Alessandra retornou para a médica do plano de saúde. Ela conta que logo no início do acompanhamento ressaltou que queria ter a filha por parto normal, no que a médica disse que teria de cobrar a taxa de disponibilidade. A paciente, então, desde o início da gestação sabia que daria a filha à luz com um médico plantonista, já que não poderia arcar com a taxa.



A paciente conta que o atendimento pelo SUS foi tranquilo, mas o fato de a cada consulta ser uma médica diferente a levou a voltar para a rede particular depois da reativação do plano.



A surpresa de Alessandra chegou quando, com 37 semanas de gestação, a médica que já acompanhava por tantos anos disse que não poderia mais atendê-la por não ter agenda até o fim da gestação. Neste período de gestação, a paciente teria de passar por consultas semanalmente. Grávida de “primeira viagem”, Alessandra não sabia que teria consultas semanais nesta etapa. “Se ela tivesse me avisado antes desta consulta, já teria deixado marcadas”, conta a paciente.  Ela acredita que por não ter aceitado pagar a taxa de disponibilidade e por não querer agendar o parto cirúrgico foi dispensada pela médica.



Ela acrescenta que, por não conhecer os procedimentos e pela forma natural com que a médica disse que não poderia atendê-la mais nem se deu conta da gravidade deste fato. Foi quando amigas alertaram sobre a necessidade de consultas semanais que ela percebeu que deveria procurar outra solução para continuar com acompanhamento.



Agora, com 39 semanas (9 meses completos), Alessandra está consultando em emergências de hospitais particulares. No sábado (22), sentindo dores, procurou o Hospital Vila Velha mas, na falta de ginecologista de plantão,  foi atendida no Hospital Dia e Maternidade da Unimed (HDMU), em Vitória. Nesta terça-feira (25), foi atendida no Hospital Vila Velha. Ela diz que o atendimento foi muito bom, que recebeu diversas orientações da plantonista, que também ficou surpresa com o fato de a médica que fazia o pré-natal ter declarado não poder mais atender à gestante.



No entanto, o atendimento nas emergências não é, nem de longe, ideal para uma gestante prestes a dar à luz. Nesta terça-feira, Alessandra esperou por mais de duas horas para ser atendida, já que o caso dela não pode ser considerado de urgência.



Uma gestação completa no Brasil pode durar até 41 semanas e dois dias, quando, na maioria dos casos, o parto é induzido. No caso de Alessandra, ela conta, faltaram procedimentos básicos para a gestante que opta por parto normal. Ela diz que teve de pedir, na última consulta com a médica que a acompanhava, que realizasse o “teste do cotonete”, feito para detectar a presença da bactéria streptococo B na vagina – em caso positivo a gestante toma antibiótico durante o parto. “São preocupações que ela não tem porque não deve fazer parto normal”, afirma a paciente. A médica fez o exame, mas não viu o resultado.



Depois do “abandono”, a paciente denunciou o caso à Unimed e pretende também denunciar ao Conselho Regional de Medicina no Estado (CRM-ES) e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Como está prestes a dar à luz – completa 40 semanas de gestação nesta quinta-feira (26) – não vai procurar novos médicos para marcar consulta na reta final da gestação e pretende continuar indo às emergências para atendimento.



Por estar tão próxima do parto, e pelo fato de a Unimed ter dado prazo de até cinco dias úteis para a marcação de consulta, ela considera que poderá estar com a filha nos braços antes que o prazo dado pelo plano de saúde vença. Para o parto, a gestante optou por dar à luz no Vitória Apart Hospital, com um médico de plantão.

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