Além de estelionato, Carlos Frederico foi denunciado por concussão, já que, enquanto médico e servidor público equiparado, exigiu de uma paciente vantagem indevida, cobrando dela para a realização de um parto pelo SUS. O médico também realizou esterilização cirúrgica (ligadura de trompas) em pacientes sem respeitar o prazo mínimo entre a manifestação da vontade da paciente e a realização da cirurgia.
A denúncia feita ao Ministério Público Federal do Estado (MPF-ES) era referente à fraude nos registros de internação para recebimento irregular dos valores do SUS. O órgão solicitou, então, que fosse feita uma auditoria pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS no Estado (Denasus).
A auditoria comprovou as fraudes por meio da análise das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) dos meses de janeiro, março, abril e maio de 2012. As AIHs são os documentos utilizados pelo hospital credenciado para efetuar a cobrança do SUS dos procedimentos realizados.
Funcionários do hospital também prestaram depoimentos e atestaram que a própria Leila determinava a falsificação dos prontuários, constrangendo os enfermeiros para que preenchessem os documentos com os próprios nomes e de familiares.
As investigações constataram que a diretora também atuava com a conivência de Carlo Frederico, que assinava, como médico, a maioria dos documentos fraudados. Há casos em que a AIH foi emitida sem apresentação dos prontuários, por exemplo – pelo menos 94 casos como esse foram registradas pela auditoria do Denasus.
Em mais uma constatação, o Denasus verificou que o hospital emitiu 41 AIHs para internação por dois, três ou quatro dias de pacientes que foram atendidos e liberados no mesmo dia. Outras nove AIHs foram emitidas para cobrança de tratamento incompatível com a hipótese diagnosticada ou sem comprovação do diagnóstico.
Além das fraudes em documentos, a auditoria do Denasus também constatou que os partos eram realizados sem condições sanitárias, sem assistência médica e às vezes sem enfermeiros; que não havia enfermeiros de nível superior em plantões noturnos; os médicos, embora em escala com plantões de 24 horas, nem sempre estavam presentes à noite; que a unidade não tinha alvará sanitário; e embora prestasse serviço de ortopedia, não contava com serviços de radiologia para confirmar o diagnóstico.