Sábado, 27 Abril 2024

'A prefeitura e o Estado não tiveram competência para lidar com o pós-Carnaval'

carnaval Reprodução

Em vez de encerrar com chave de ouro, o Carnaval de blocos do Centro de Vitória terminou com uma ação violenta do Batalhão de Missões Especiais (BME) e da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) contra foliões e comerciantes na noite dessa terça-feira (13), na Rua Sete. A atitude, aponta a Associação de Moradores do Centro (Amacentro), foi fruto da falta de preparo das gestões estadual e municipal. "A prefeitura e o Estado não tiveram competência para lidar com o pós-Carnaval", critica o presidente da entidade, Lino Feletti.

O líder comunitário defende que houve falha na fiscalização das pessoas que, após o desfile dos blocos, usam caixas de som individuais pelo bairro. De acordo com ele, há um decreto que proíbe essa prática, portanto, as caixas deveriam ser recolhidas e as pessoas multadas. Contudo, havia um pequeno efetivo de guardas municipais e policiais militares para fazer fiscalização. "Aí veio o Choque, armado até os dentes, fazer um serviço horrível, desagradável, resolvendo a situação de maneira inadequada", lamenta.

A ação policial, realizada às 20h30, tem repercutido nas redes sociais, com imagens nas quais as forças de segurança atiram com bala de borracha contra a multidão e para o alto, provocando tumulto, correria e risco de as pessoas serem pisoteadas. Também foi utilizado spray de pimenta. A Amacentro, há anos, reivindica atrações culturais após os blocos para dispersão dos foliões. Por isso, este ano foi criado o Circuito da Folia, com um trio elétrico que saiu do Centro rumo ao Sambão do Povo no sábado (10), domingo (11) e na segunda-feira (12).
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Na avaliação da Amacentro, a iniciativa deu certo. "Se não tivesse as atrações no Sambão, o Choque teria vindo em três ou quatro dias de Carnaval", acredita Lino.

Em suas redes sociais, a deputada estadual Camila Valadão (Psol) apontou "falta de gestão e estratégias de dispersão dos blocos". "O Carnaval de rua é manifestação coletiva, portanto, direito em Estado democrático. Cabe às forças de segurança atuar para garantir a ordem pública e a segurança dos participantes. Mas a pergunta é 'é esse o protocolo? A técnica das forças para dispersão de Carnaval? E o respeito à dignidade dos foliões. Comerciantes, ambulantes, moradores?'", questionou.

A parlamentar disse, ainda, que seu mandato irá cobrar a construção de protocolos e treinamentos das forças de segurança para atuação em dispersões. "Mas o que falta é gestão pública. Nós não queremos que nosso Carnaval termine como caso de polícia por falta de gestão de administrações", finalizou.

A vereadora Karla Coser também criticou a ação das forças de segurança. "A dispersão precisa acontecer, mas não tem cabimento ser dessa forma. Abordagem totalmente inadequada. Perigoso para os foliões e para os moradores. Assustador pra quem mora no Centro!", sentenciou.

Para que isso não se repita, Karla sugere ações que atraiam o público para um lugar "mais adequado na parte noturna", qualificação na abordagem policial e aumento das equipes. Assim como Lino, a vereador faz críticas não somente à gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), mas também do governador Renato Casagrande (PSB). "E aqui também precisamos cobrar a co-responsabilidade do Governo do Estado. A Prefeitura de Vitória e o Governo do Estado precisam manter a presença policial antes dos blocos começarem, durante e no final, iniciando uma dispersão. Não adiantar fazer um posto de policiamento e ficar apenas ali", avalia.

Além da fiscalização das caixas de som, para Lino houve também falha na fiscalização dos ambulantes. O líder comunitário achou positivo o fato de esses trabalhadores terem recebido treinamento, uniforme e precisarem se cadastrar para atuar no Carnaval. Contudo, aponta, o número de ambulantes que trabalhavam era maior do que o de cadastrados e dos que participaram dos treinamentos. Apesar da violência policial, na avaliação da Amacentro o Carnaval do Centro evoluiu, uma vez que, ao contrário do ano passado, houve uma boa quantidade de banheiros químicos e lixeiras, além de ter tido limpeza das ruas.

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