A queda no número de homicídios no Estado, além de se mostrar irrisória ano após ano, não se consolida por conta do aumento alarmante de casos em municípios do interior e também da Grande Vitória. Com base em soluções imediatistas e pontuais – como o fechamento de bares à meia-noite em Linhares (norte do Estado) – as formas encontradas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para combater a escalada da violência se mostram ineficazes.
Os dados da Sesp de homicídios nos municípios mais populosos do Estado mostram que o governo está longe de consolidar a queda de mortes violentas. Até mesmo Vitória, que vinha apresentando queda de homicídios anualmente, apresenta aumento no número de mortes em 2013.
De acordo com os dados da Sesp, divulgados no jornal A Tribuna, desta quarta (14), a Capital registrou 52 homicídios nos primeiros cinco meses do ano, contra 48 no mesmo período de 2012.
No total, nos primeiros cinco meses do ano houve queda de homicídios em relação a 2012, sendo registrados 712 mortes contra 734 no período no ano anterior. Apesar disso, a situação nos municípios se mostra agravada, com aumento nos casos naqueles mais populosos.
O município de Linhares (norte do Estado), por exemplo, registrou mais de 64% de aumento no mesmo período, demonstrando que os investimentos em políticas de segurança pública abrangentes e inclusivas são urgentes nos municípios da região norte. Em 2012 foram registradas 28 mortes nos primeiros cinco meses do ano, contra 46 em 2013. Detalhe, o município determinou, há cerca de um mês, o fechamento de bares e restaurantes à meia-noite, na tentativa de coibir o número de homicídios, mas parece que a medida ainda não surtiu o resultado esperado.
Dos sete municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) – Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão e Guarapari – somente Guarapari e Cariacica apresentaram queda nos números de homicídios, sendo que em Cariacica a queda foi acentuada, sendo registradas 50 mortes violentas a menos que em 2012.
A população, mesmo com a alta percepção da violência, principalmente em bairros periféricos dos municípios, não tem acesso aos dados de homicídios, já que a Sesp retirou do site institucional os dados, que depois de três semanas fora do ar, voltaram mostrando informações somente até o mês de abril deste ano. Além disso, nomes das vítimas, idades, meios empregados, cor de pele e tipo de homicídio não vão mais ser divulgados pela Sesp, de acordo com declarações do subsecretário de Gestão Estratégicas da Sesp, Gustavo Debortoli ao jornal A Tribuna.
A falta destes dados, no entanto, impede que a sociedade tenha a real dimensão de quem são as principais vítimas de homicídios e tenha a possibilidade de cobrar políticas públicas que se direcionem a combater as mortes.
A inclusão da população no debate sobre a segurança pública não é feita pelo governo, que toma decisões sobre as políticas públicas que afetam diretamente a sociedade em gabinetes, para faturar politicamente em cima da redução dos homicídios.