Domingo, 19 Mai 2024

São Bernardo do Campo é exemplo na abordagem de dependentes químicos


Enquanto municípios da Grande Vitória entram na polêmica em torno da internação compulsória para dependentes de drogas, principalmente de crack, outras cidades conseguiram aplicar com sucesso a abordagem à população usuários de drogas e colher bons resultados, sem que fosse necessário lançar mão da internação à força.

Em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a abordagem de dependentes é feita sem o auxilio de força policial e os resultados são efetivos. A abordagem no município é apontada como modelo pelo Ministério da Saúde e os resultados diminuem o risco de reincidência. O programa de São Bernardo preza pela reinserção social e no mercado de trabalho dos atendidos. 
 
No município da região do ABC paulista, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) funcionam 24 horas por dia; os consultórios de rua realizam abordagem humanizada; existem leitos de internação disponíveis para desintoxicação na rede municipal e em hospitais conveniados; além das casas de abrigamento transitório para aquelas pessoas que não têm moradia fixa. As repúblicas terapêuticas, abertas em janeiro de 2012, também são destaque dentre as políticas adotadas pelo município para abrigamento de pessoas com vulnerabilidade social.
 
O modelo adotado por São Bernardo – que vê a dependência química como uma questão de saúde pública e não como caso de polícia – trouxe tantos resultados que o município foi convidado a apresentar a experiência na IV Conferência Latino-Americana sobre Políticas de Drogas, realizada em Bogotá, na Colômbia, em dezembro de 2012. 
 
A abordagem dos dependentes ocorre em primeiro momento através dos consultórios de rua. A equipe do consultório de rua é formada por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e agentes redutores de danos. Esses profissionais vão até os dependentes, que costumam ficar embaixo de viadutos, e sentam para conversar com os dependentes. Além disso, oferecem a eles alimentos calóricos, como chocolates e hidratação. O processo de convencimento é longo, mas não é preciso recorrer à força policial para que os dependentes aceitem tratamento.



Reprodução/Facebook
 
O ato de oferecer o kit saúde com água mineral, alimentos calóricos e protetores de lábios e pele serve como um redutor de danos. O dependente químico em situação de rua, muito mais do que o vício, apresenta geralmente subnutrição e desidratação, fatores que podem levar à morte. 
 
Depois do trabalho de convencimento, que pode durar meses, o dependente químico que aceita tratamento passa por um processo de desintoxicação através de internação, caso seja necessário. Após o período de desintoxicação, o dependente passa a se consultar nos CAPS, que funcionam em regime de plantão 24 horas ou até mesmo morar por até quatro meses nas repúblicas terapêuticas. 
 
No local existem cuidadores em regime integral que acompanham os dependentes. As pessoas em processo de recuperação têm nas repúblicas terapêuticas um lugar para fortalecimento da autonomia e da independência. A casa é para a fase avançada do tratamento e também oferece cursos profissionalizantes e contribui para a inserção do dependente no mercado de trabalho. 
 
A experiência de São Bernardo inclui as secretarias de Saúde, Esportes, Educação, Habitação, Assistência Social e Segurança. A implementação teve início em 2010 e em dezembro de 2012 tinha 250 dependentes em processo de desintoxicação. 
 
O caso de São Bernardo é um exemplo de como uma política bem aplicada suprime a necessidade da internação compulsória. A aplicação demanda, além da vontade política, investimentos para a aplicação em longo prazo das políticas e visão do dependente químico como cidadão em situação vulnerável.  



Vitória 
 
Na Grande Vitória, a Capital parece motivada a implantar uma política de enfrentamento às drogas de maneira humanizada. O prefeito Luciano Rezende tem se reunido com o Comitê de Segurança Pública para o desenvolvimento de ações de recondução dos dependentes químicos ao convívio em sociedade. 
 
O programa adotado em Vitória não deve preconizar ações polêmicas – como a internação compulsória – e com resgate da cidadania nos dependentes. As reuniões do Comitê envolvem diversas secretarias municipais, além de representação da Universidade Federal do Estado (Ufes), de igrejas, do Terceiro Setor e da Polícia Civil.
 

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