Sexta, 26 Abril 2024

A roda do tempo

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Leonardo Sá

Doze anos separam o conhecido "abril sangrento", que marcou a política capixaba, da atual chapa dos "ex-afogados" confirmada nesta terça-feira (19), que une o governador Renato Casagrande (PSB) e o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) na disputa ao Palácio Anchieta. Uma aliança que vinha sendo construída nos últimos anos, após rompimentos dos dois com o ex-governador Paulo Hartung (sem partido), mas agora em tom eleitoral concreto e, sem dúvidas, com projeções para o futuro. Quem vê o caminho trilhado agora, quase esquece de 2010, quando Ferraço, então vice-governador, viu seu plano de suceder Hartung ir por água abaixo e sem aviso prévio. Articulações feitas em âmbito nacional resultaram numa manobra orquestrada pelo então aliado de primeira fileira, que escalou como seu candidato, ao invés de Ferraço, exatamente Casagrande. Foi um "climão", visível na expressão do ex-vice-governador na época, que disse ter sido "consumido pelo fogo amigo". O consolo foi um palanque ao Senado, para qual foi eleito, cadeira que perdeu em 2018. Nesse meio tempo, porém, Ferraço foi aos poucos se distanciando do ex-padrinho político que, anos depois, também deu rasteira em Casagrande, ao disputar em 2014, com discurso de "corrigir o erro do passado" e de "terra arrasada" na gestão estadual. A partir daí começaria o abraço dos ex-afogados, que saíram do campo da troca de apoios eleitorais, para uma chapa, de fato. Com um ponto muito importante: a aliança lança luzes para o projeto de sucessão de Casagrande, em 2026. Será, com bastante atraso, a hora de Ferraço realizar o sonho antigo de ser o cabeça de chapa ao governo do Estado? Já fica a pergunta, apesar dos incontáveis capítulos que ainda virão.

Lá atrás
A cotação de Ricardo Ferraço para vice é lançada pelo mercado há meses, desde quando ele ainda presidia o DEM. A fusão com o PSL resultou no União Brasil, que passou para as mãos do deputado federal Felipe Rigoni, também candidato ao governo. Ferraço voltou, então, para o PSDB, mas se manteve distante das declarações públicas, sem revelar suas cartas.

Trio
Em meio a uma lista extensa de candidatos ao Senado, também era sempre considerado neste campo, em consonância com a exigência do PSDB capixaba de participar da chapa majoritária como condição para apoiar Casagrande. Esses entraves ficaram bem dissolvidos nos últimos dias, já cravando Ferraço na vice e Rose de Freitas (MDB) no Senado – anúncio este que virá em breve.

Restou um...
Com a definição em torno de Ferraço, o ex-secretário estadual e presidente do PP, Marcus Vicente, fica mesmo na disputa à Câmara Federal, assim como Da Vitória, do mesmo partido. O primeiro aparecia no campo para composição da vice e o outro para o Senado. Vou repetir, aqui, a questão em aberto da coluna passada: e o coronel Alexandre Ramalho (Podemos), que jurou só disputar o Senado?

Acenos
Ao escolher Ricardo Ferraço, Casagrande saiu dos extremos que marcam a polarização nacional e ainda se mantém próximo ao empresariado. O PP, de Marcus Vicente, embora por aqui aliadíssimo do governador, é uma das principais pernas de apoio a Jair Bolsonaro. Os quadros do PT, que fechou aliança com Casagrande na semana passada, têm a marca de Lula. A executiva estadual reivindicou espaço de destaque, na vice e Senado, sem êxito.

Corrida
A formação da chapa de Casagrande, o adversário a ser batido este ano, deve acelerar as decisões dos concorrentes. Ninguém completou chapa ainda! Outro ponto merece atenção: ainda pode ocorrer aquele conhecido funil, aos 45 minutos do segundo tempo.

Só dois
Carlos Manato (PL), da oposição ferrenha e bolsonarista, está com o ex-senador Magno Malta (PL) há tempos, mas não fechou a vice. Ele só conta na aliança, por enquanto, com o PTB, que tem poucos quadros no Estado.

Sei não...
O presidente da Assembleia, Erick Musso, forma no seu partido, o Republicanos, com o ex-prefeito Sergio Menguelli como candidato ao Senado, mas andou arrastando asa para outros nomes, como o pastor Nelson Junior (Avante), além das conversas com o deputado federal Felipe Rigoni (União). Mudanças à vista? Nada de vice, também!

Sei não II...
Rigoni, para complementar, não agregou nenhum partido e gera, cada vez mais, dúvidas sobre encabeçar mesmo uma chapa. Por outro lado, tem bala na agulha devido à verba bem farta e tempo de propaganda. Certamente, tem negociação rolando.

Sei não II...
Já o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (MDB), nem vice, nem Senado confirmados, mesma situação do outro ex-prefeito – Serra - da disputa, Audifax Barcelos (Rede). Os dois marcaram convenções para o final do mês e, por enquanto, o quadro segue indefinido e com ruídos, sem falar nas alianças com legendas pequenas e sem expressão no Estado.

Ah, sempre bom lembrar...
Hartung participa ativamente das articulações no Estado, para derrotar Casagrande. Pode mover peças, principalmente, na área de Guerino Zanon, Erick Musso e Audifax. A conferir!

Sozinhos
O empresário Aridelmo Teixeira (Novo), por sua vez, anunciou somente a jornalista Camila Domingues (Novo) como vice. A chapa da extrema esquerda, do Capitão Sousa, o candidato ao Senado: Filipe Skiter (PSTU). Em ambos os casos, a chapa deve, mesmo, ser puro-sangue.

Nas redes
"Como a gente chama um presidente que espalha mentiras sobre o sistema eleitoral que elegeu ele e seus filhos várias vezes". Helder Salomão, deputado federal pelo PT.

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(des) Acertos finais

Em meio a polêmicas sobre alianças, Audifax anuncia convenção para o dia 30. Na sequência será a de Guerino, que até agora só atraiu partidos nanicos
https://www.seculodiario.com.br/socioeconomicas/des-acertos-finais

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Comentários: 1

Seu Madruga em Quinta, 21 Julho 2022 16:22

Faço campanha contra qualquer candidato apadrinhado pelo imperador.

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