A vitória de Renato Casagrande (PSB) ao governo resulta na volta da democracia no Espírito Santo e, praticamente, no alijamento do governador Paulo Hartung (sem partido). Basta ver a movimentação que tem ocorrido em busca de posições e reposições na vida política capixaba.
O prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), se reposiciona dentro de uma possível fusão da Rede com o PPS, partido do prefeito de Vitória, Luciano Rezende. Deixa claro que se vê investido da condição de disputar a sucessão de Casagrande.
Outro movimento semelhante vem do prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB), que com um noivado em vias de casamento com o recém-criado Avante, também segue nesta direção de futuro postulante a ocupar um cargo no Palácio Anchieta.
Já o deputado federal eleito, Amaro Neto (PRB), faz parte da lista daqueles que, com certeza, pretendem disputar a prefeitura de Vitória. Convenhamos que os seus mais de 180 mil votos o credenciam para isso, entretanto, há movimentações de um grupo que quer empurrá-lo para ser candidato a prefeito na Serra, tirando-o da Capital. A intenção é facilitar a eleição do deputado estadual eleito Fabrício Gandini (PPS) à sucessão de Luciano.
Cito algumas situações para mostrar que a democracia voltou ao Estado depois de um longo período conhecido como a Era Paulo Hartung, que “nomeava” os candidatos a deputados e a vários outros cargos ao seu bel prazer, comandando sozinho a política local.
Casagrande tem um temperamento bem diferente. É homem de diálogo, faz política negociando, sabe levar e dar rasteira, e, ao contrário de PH, não é temido.
Outra situação nova, que também merece ser lembrada, é a passagem do deputado federal Carlos Manato (PSL) para o andar de cima da política capixaba, credenciado por cerca de 27% dos votos nas eleições ao governo, quando foi apoiado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Manato só não foi para o segundo turno contra Casagrande porque a senadora Rose de Freitas (Podemos) saiu da rua, afastando-se da disputa real para facilitar a vitória socialista. Agora, à frente do PSL estadual, está em campo para delimitar seu território.
A democracia já está aí, antes mesmo de o governador eleito tomar posse. Tardou, mas veio.