Casagrande na Assembleia: jogo de cintura com críticas de deputados, mas corda esticada com os servidores
Ano de pandemia e de eleição municipal, com muitos capítulos e embates no meio-tempo, os olhos se voltaram nesta segunda-feira (7) para a prestação de contas do governador Renato Casagrande na Assembleia Legislativa, medindo, assim, o termômetro político capixaba nesses “finalmentes” de 2020. Algumas constatações: do grupo de deputados de oposição/independentes, só Capitão Assumção (Patri) e Torino Marques (PSL) foram mais incisivos nos questionamentos ao governador, com direito a ironia de ambos os lados. O primeiro cobrou a recomposição inflacionária dos servidores, falando em nome da Frente de Segurança, criticou a falta de diálogo e o Código de Ética para os militares que será apresentado à Casa nos próximos dias, e puxou, é claro, o tema da Covid-19. Conseguiu falar em tom baixo, o que é raro, porém não deixou, mais uma vez, de mirar no secretário Nésio Fernandes (Saúde), presente ao plenário, e também no Coronel Ramalho (Segurança). Já Torino questionou o motivo de emendas parlamentares ao Orçamento não terem sido pagas e outras remanejadas sem anuência do autor, além de falar da condução da gestão por “interesses pessoais” e “tratamento desigual dos parlamentares”. Um dos mais atuantes do bloco, o prefeito eleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), gravou vídeo cedo na Assembleia com mensagem de “já estamos trabalhando por vocês”, mas, na hora da prestação de contas, à tarde, ao ser chamado para fazer perguntas, cri…cri…cri…não apareceu! Vandinho Leite (PSDB), Carlos Von (Avante) e Danilo Bahiense (sem partido), também integrantes desta “ala”, apresentaram demandas de seus redutos, mas nada de bate-rebate. Casagrande respondeu a todas as perguntas, sem lembrar, nem de longe, os tempos de Paulo Hartung. Não “perdeu as estribeiras” ao ser confrontado, deu seu recado quando necessário, e repetiu diversas vezes “disposição e abertura ao diálogo”. Mas também encarou protestos, que parecem exigir, agora, o mesmo jogo de cintura: a corda novamente esticou com o funcionalismo público, com efeitos para 2021.
Cobrança
A Frente de militares e civis (Frente Unificada de Valorização Salarial) estendeu faixa na galeria da Assembleia com as seguintes frases: “O que um governo espera dos servidores de Segurança Pública, quando este mesmo governo não cumpre o que foi acordado entre ambos? Não vai fazer o que está acordado em documento oficial?”, questionou.
Cobrança II
Já trabalhadores de outras 22 categorias, que integram entidades da Central – Pública do Servidor, realizaram um ato em frente à Assembleia e lá permaneceram durante a prestação de contas, com um minitrio.
Sem consenso
No último mês do ano, a convocação do funcionalismo, nos dois casos acima, é intensificar a mobilização. Mas, tudo indica, não há sinal de consenso. Casagrande foi direto e reto em sua resposta.
Sem consenso II
Assim como dito recentemente por secretários às entidades, o governador reiterou que está impedido pela lei federal de socorro aos municípios, do presidente Bolsonaro, citando ainda entendimento da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). As entidades questionam a interpretação da lei. E assim segue o impasse, há meses, sob ameaça de “grave crise institucional”.
Bem lembrado
O governador, inclusive, fez questão de devolver a Assumção e Bahiense: “vocês que têm boa articulação com o presidente, podem conversar com ele”.
Ué…
Voltando ao plenário, outro candidato deste ano, porém com a diferença de ser do grupo de Casagrande, não participou da prestação de contas desta segunda-feira. Quem, quem? Fabrício Gandini (Cidadania), que era o palanque de sucessão do prefeito Luciano Rezende (Cidadania), mas ficou pelo caminho ainda no primeiro turno, após o petista João Coser avançar. Quem diria…
Mais
O deputado Marcos Mansur (PSDB) e a deputada Iriny Lopes (PT), mesma coisa, não prestigiaram o governador.
Paz e amor
Já Enivaldo dos Anjos (PSD), eleito em Barra de São Francisco, estava presente de forma remota, mas ao ser chamado pareceu declinar, depois voltou. Ex-líder do Governo, com uma saída que rendeu atritos, ele agradeceu a convivência de dois anos, disse que foi uma honra ser líder, e que não faria crítica ao governo, pulando depois para duas questões relacionadas ao município que irá comandar a partir de janeiro de 2021.
Deputados-candidatos
No início da sessão especial, Casagrande saudou nominalmente todos os eleitos e também os que disputaram, pela “contribuição com o fortalecimento democrático”. No bolo, os deputados “independentes” Pazolini e Assumção, que disputaram em Vitória; Vandinho, que tentou se eleger na Serra; e Carlos Von (Avante), em Guarapari.
Mudou tudo
No caso de Pazolini, agora oficialmente declarado ex-opositor e ex-independente. O deputado “está em outra”.
PENSAMENTO:
“Não se pode desatar um nó sem saber como ele é feito”. Aristóteles