“Todas as providências cabíveis”, garante vice-prefeita, Capitã Estéfane, ao denunciar vereador Leonardo Monjardim
A denúncia da vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Podemos), de violência política de gênero cometida pelo vereador Leonardo Monjardim (Novo), repercute desde esse sábado (8), com protestos e notas de solidariedade, e chegará a todas as instâncias cabíveis, jurídica e política, como a própria garante em vídeos publicados nas redes sociais. Estéfane foi impedida de falar em sessão solene realizada por Monjardim na Câmara Municipal, numa repetição do episódio público de silenciamento protagonizado contra ela pelo prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), no final de 2022. Ela já começou dentro do plenário a colocar a boca no trombone, quando iniciou uma live, e chegou a se emocionar. Alega que foi convidada por pessoas que seriam homenageadas – empreendedores – e não tinha pretensão de discursar, muito menos de tratar de temas políticos-eleitorais. Nem mesmo sabia que era evento de Monjardim, pois o convite não informava. A vice-prefeita chegou a ocupar a mesa de autoridades, conduzida por servidores do gabinete do vereador, mas deixou o local assim que Monjardim negou a ela a palavra após fazer discurso crítico à sua presença e destacar “constrangimento”. Entre as palavras repetidas por ela nesses dias, estão “indignação, impotência e violação”, relembrando que o caso não é inédito em Vitória e na Câmara Municipal. A resposta que a vice-prefeita solicitou a Monjardim ainda vai ser dada. Ela foi convidada “por um vereador”, sem citar nome, e em breve divulgará a data. Monjardim é aliado de primeira fileira de Pazolini, e Estéfane é pré-candidata na disputa majoritária. Ele tentou colocar panos quentes na situação na sessão desta segunda-feira (10), na Câmara: “tem muita gente querendo inflamar a coisa, não vou brigar com ela”. Mas o assunto, como se vê, não vai morrer aqui – e nem deve!
Sem registro
Estéfane disse, nesse domingo (9), que sua advogada vai solicitar o vídeo da sessão solene em requerimento, com perícia para detectar possível corte. O presidente da Casa, Leandro Piquet (PP), informou nesta segunda, porém, que não há registro oficial da homenagem.
Sem registro II
A explicação é que o contrato com a empresa responsável pelas filmagens só engloba sessão solene, e Monjardim fez uma reserva de plenário. Segundo o próprio, porque a homenagem seria realizada no dia 27 de março, mas precisou ser adiada a pedido dos empreendedores, passando para sábado e sem “todo aparato”.
Omissões
Foi André Moreira (Psol) quem puxou o episódio em plenário nesta segunda. Disse que ligou para Estéfane e manifestou solidariedade, e ainda que fará pedidos de informação para entender o evento realizado na Câmara. Cobrou, ainda, um pedido de desculpas a ela, lembrando que o legislativo se omitiu nos casos de agressão envolvendo o ex-vereador Gilvan da Federal (PL), hoje deputado federal.
Reações
Os alvos de Gilvan, por mais de uma vez, foram a vereadora Karla Coser (PT) e a ex-vereadora e atual deputada estadual Camila Valadão (Psol). Ambas prestaram apoio a Estéfane nas redes sociais. O mesmo fizeram Iriny Lopes (PT), deputada estadual, e Jack Rocha (PT), federal. Homens também se posicionaram, como o deputado estadual João Coser (PT) e o vereador Vinícius Simões (PSB).
Reações II
Capitã Estéfane se reuniu com o presidente estadual do Podemos, deputado federal Gilson Daniel, também nesta segunda. Ele reiterou “agressão política”. Já o partido emitiu nota: “Com a presença de várias mulheres e homens, testemunhamos a verdadeira face da violência política de gênero, praticado por um vereador. É lamentável que nossa capital esteja contaminada por essa realidade”, enfatizou.
Reações III
Na sequência, a legenda de direita cobrou: “Não podemos tolerar a perpetuação de comportamentos machistas e narcisistas que ameaçam a dignidade e a participação das mulheres na política”.
Piorou…
E o que mais disse Monjardim? O vereador tratou tudo como um “mal entendido” e chegou a afirmar que Estéfane “não fez por mal”, “agiu de forma impulsiva”. Também falou que “não vai polemizar” e exaltou as relações que têm com ela e seu marido, seu “amigo pessoal há 25 anos”.
Piorou II…
Monjardim acrescentou: “logo estaremos juntos novamente, com nossa amizade, nosso carinho”; “tenho certeza que ela já compreendeu o que aconteceu”; e “tenho maior respeito pela vice e pelas mulheres”.
Segue…
O vereador alegou, ainda, que a “Câmara é uma casa política” e “tomou um susto”, porque “ela não foi convidada”. Também lançou: “acabei de chegar no partido, como iria explicar?”, reiterando “apoio incondicional a Pazolini” e que Estéfane é “contra o projeto que eu defendo”.
Sempre bom lembrar…
Monjardim e alguns vereadores se esforçaram para desvincular o prefeito da polêmica, mas Pazolini arrancou o microfone das mãos da Capitã Estéfane em evento público em Jardim Camburi. O vídeo foi amplamente divulgado e marcou o rompimento oficial entre eles. Na verdade, porém, a vice sempre teve seus espaços cerceados na gestão. É mais um episódio, do mesmo grupo, que não pode passar batido.
Nas redes
“Pelo povo preto! Hoje [segunda, 10] é um dia histórico! Temos a primeira condenação penal por racismo no esporte no mundo! Três torcedores racistas do Valencia, time da liga espanhola de futebol, que insultaram o jogador brasileiro Vini Jr. durante uma partida, foram condenados a 8 meses de prisão e banidos dos estádios por 2 anos. Uma vitória do povo preto!”. Camila Valadão, deputada estadual pelo Psol.
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