Acordo no Senado pode tirar Do Val do cargo até 2026…suplente é novata em política

Um acordo que envolve um grupo de senadores liderado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes, coloca o mandato de Marcos do Val (Podemos) na corda bamba, como divulgado pela coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo. A costura se inicia com o pedido de revisão das medidas cautelares imposta ao senador capixaba, como definido pelo Colégio de Líderes nessa quarta-feira (6), para tentar “estancar” a crise gerada na Casa. É que as determinações de Moraes, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, não passaram pelo plenário, como o próprio STF definiu em outro caso semelhante, em 2017. O fato se soma à tensão promovida por parlamentares do Partido Liberal (PL) em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, que culminou com 41 assinaturas pelo impeachment do ministro. A estratégia consistiria em Moraes acatar o pedido de revisão, para minimizar os impactos de sua decisão, e, depois, a Mesa Diretora suspenderia o mandato do senador por seis meses. A justificativa seria a divulgação feita por Do Val de relatórios sigilosos das Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o 8 de janeiro, situação que encontra respaldo no Regimento Interno, e até mesmo a necessidade de tratamento médico, considerando os sucessivos capítulos já protagonizados pelo parlamentar. Caso se consolide o acordo, Marcos Do Val só retornaria à Casa no início de 2026, abrindo espaço para a suplente. Trata-se da pedagoga Rosana Márcia Foerste da Silva, do partido Cidadania, novata em política e de campo ideológico oposto. Um “capote” e tanto para o senador!
Variações
Na época da eleição da chapa, em 2018, Rosana era ligada ao hoje deputado estadual Fabricio Gandini (PSD), ex-presidente estadual do Cidadania, partido também de Do Val à época. A composição ocorreu em torno da candidatura do governador Renato Casagrande (PSB). Do Val depois migrou para o Podemos, e em 2023, tentou entrar no PSDB, mas foi barrado. Ele se diz bolsonarista e anti-esquerda, e se coloca como candidato à reeleição, embora não convença muito.
Vale-tudo
Os políticos do PL no Estado sempre refutaram, porém, essa condição, criticando Do Val por sua atuação e pela aliança com Casagrande, a quem intitulam de esquerda, “comunista” e afins. Nos últimos dias, como já citei aqui, esse jogo virou. O senador Magno Malta passou a defendê-lo, como incremento na guerra contra Moraes.
Vale-tudo II
Nesta quinta-feira (7), já ciente do acordo que poderá afastá-lo, Do Val declarou ao jornal Metrópoles que “não vai aceitar” e que sua suplente “é de esquerda”. Mais aspas dele: “Nem eu nem a oposição aceitamos esse acordo. Rejeito. O que queremos é que tirem as medidas cautelares impostas contra mim para não haver confronto institucional com o Senado”.
O estopim
Do Val está com tornozeleira desde essa segunda (4), após viajar por 10 dias aos EUA sem autorização. A determinação também impõe outras medidas cautelares. Ele é alvo de dois inquéritos do STF: tentativa de golpe de Estado e campanha de intimidação de autoridades envolvidas nas investigações contra Bolsonaro.
Ué…
Também nesta quinta, teve fim a obstrução feita pela oposição no Congresso Nacional após dois dias, alegando cobranças pelo impeachment de Moraes, anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e fim do foro privilegiado. Magno Malta foi um dos protagonistas e chegou a se acorrentar em plenário, dizendo em vídeo que só “sairia morto” da cadeira da Mesa Diretora. Mas saiu…e vivo!
Na área
O ex-deputado estadual Carlos Von voltou a surgir no cenário político. Ele se reuniu nessa quarta-feira (6) com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini e Erick Musso – candidatos ao governo e à Câmara Federal, respectivamente, pelo Republicanos. Von cumpriu mandato pelo Democracia Cristã (DC) e depois mudou para o PL, que negocia aliança justamente com o partido da dupla. 2026 vem aí…
Na área II
Com a anulação do efeito de uma decisão da Justiça Eleitoral que suspendia seus direitos políticos por abuso de poder econômico, Von está livre para tentar uma nova candidatura. No ano passado, ele apareceu do nada, com “o bonde andando”, querendo disputar a Prefeitura de Guarapari pelo PL, que já tinha candidato, o deputado estadual Danilo Bahiense. Ficou a ver navios. E agora, Assembleia de novo?
Vale lembrar…
…o ex-deputado também usa tornozeleira eletrônica desde o final de 2022, acusado de integrar milicia digital, de espalhar fake news e de ataques aos ministros do Supremo. Essa ação, porém, não o impede de disputar eleições. Outros citados no mesmo processo estão com mandatos e participaram de pleitos recentes: Capitão Assumção (PL), na Assembleia, e Armandinho Fontoura (PL), vereador de Vitória.
Nas redes
“Essa disputa entre esquerda e direita radical está mudando mesmo a sua vida? O que muda a vida de verdade são entregas reais, com resultado, respeito e compromisso. O que o Brasil mais precisa é de solução (…)”. Arnaldinho Borgo, prefeito de Vila Velha, e a tentativa de se inserir no debate ao modo “centrão”.