Tabuleiro revirado
A desistência do vereador Júnior Corrêa da candidatura à Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, e até da carreira política, anunciada nessa quarta-feira (14), para virar padre, além de alterar o tabuleiro local, representa a segunda baixa do PL em municípios considerados estratégicos do ponto de vista eleitoral. O primeiro, também recente, como já analisado aqui, foi Vila Velha, com a prisão do nome que vinha sendo incensado e apontado como novidade pelo partido, o empresário e veterinário Thiago Oliveira, preso acusado de extorsão. Juninho se apresentava como um palanque forte do campo da direita e somava resultados expressivos nas últimas eleições. Opositor do grupo da situação, puxado pelo prefeito Victor Coelho (PSB), também já circulava pelo município e fazia postagens críticas, na meta de galgar espaços e votos. Teria ao seu lado nessa empreitada o ex-prefeito e deputado estadual Theodorico Ferraço (PP), personagem com atuação importante da política do município. O recuo inesperado é bom para os potenciais adversários, que tiram um obstáculo do caminho, e ruim para o PL, do senador Magno Malta, que precisará mais uma vez recalcular a rota, para tentar atingir a meta que não se cansa da exaltar, de "passar o trator" nas disputas deste ano, ignorando ainda a crise instalada com a operação que atingiu Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente nacional da legenda. A propósito, Magno e o deputado estadual Callegari, que também tem base em Cachoeiro, já apareceram ao lado de Juninho nesta quinta (15). De olho nos próximos capítulos!
Segue...Na foto com Juninho, Callegari está sorridente e colocou música de louvor. Magno publicou a legenda: "Que Deus abençoe na sua escolha pelo sacerdócio". Juninho também registrou o encontro e afirmou que o PL de Cachoeiro, que estava sob seu comanda, ficará nas mãos de Callegari. Outro dia, o vereador publicou uma nota pública em que revelou atrito com o senador e lideranças do partido.
Plano B?
Em Cachoeiro, o PL tem o vereador Léo Camargo, que vinha participando de encontros com Juninho e Callegari. Ele se apresentava, até então, como candidato à reeleição. Agora...
Urnas
Júnior Corrêa foi o mais votado à Câmara de Vereadores em 2020 e Léo Camargo o terceiro. No ano passado, Juninho tentou a Câmara dos Deputados e atingiu 37,7 mil. Dos pré-candidatos colocados na disputa, tinha o melhor desempenho nas urnas.
Cenário
Quem deve correr para abocanhar essa fatia do eleitorado é o secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos), que já tentou a prefeitura, sem êxito, e está situado no mesmo campo. Ele integra, porém, o "grupo dos 3", que se movimenta há meses, ainda sem definição do cabeça de chapa. Os outros, como se sabe, são os deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União), da base do governador Renato Casagrande (PSB).
Cenário II
Do lado do prefeito Victor Coelho, também como já comentado diversas vezes por aqui, quem se habilita é a secretária municipal de Obras e Manutenção e Serviços, Lorena Vasques (PSB). Outro nome ligado à gestão é o de Márcia Bezerra (PRD), ex-secretária de Desenvolvimento Social, que se deslocou e flerta com o "grupo dos 3".
Cenário III
Já na esquerda, as pré-candidaturas são do ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) e do empresário e sindicalista Wesley Corrêa (Rede).
E agora?
Como todos se acomodarão, depois dessa mudança do tabuleiro, passa a ser o "x" da questão em Cachoeiro.
Tête-à-tête
Por falar em esquerda, lideranças políticas circularam bastante pelo Carnaval de rua do Centro de Vitória, para contato com direto com o eleitorado. Teve adesivo, leque, conversas, festa e muitos apertos de mão. Da Assembleia Legislativa, marcaram presença a deputada estadual Camila Valadão (Psol), Iriny Lopes (PT) e João Coser (PT). Da Câmara de Vitória, Karla Coser (PT) e André Moreira (Psol).
Repúdio
Enquanto o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) tenta minimizar os efeitos negativos das ações desmedidas da Guarda Municipal e da Polícia Militar para dispersar foliões, jogando para mídia convencional e apontando um "Carnaval de sucesso", a Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão) emitiu uma nota, nesta quinta, em que se diz "estarrecida com os ataques" de segunda e terça (12 e 13).
Providências
"É necessário frisar que, no momento dos ataques, estavam nas ruas famílias com crianças, ambulantes, trabalhadores e foliões aproveitando os últimos dias do Carnaval", diz o Blocão. "Esperamos que a Guarda Municipal e as Forças Policiais do Estado sejam responsabilizadas e respondam pelos atos violentos praticados contra a população atingida", complementou.
Providências II
O Blocão também aponta que não foi consultado nem opinou sobre o Plano de Dispersão, que foi anunciado apenas da avenida para o Sambão do Povo, no Circuito da Folia. "Em nenhum momento foi mencionado o que seria feito em relação a foliões que ainda permanecessem no bairro e, muito menos, que estes seriam atacados com bombas de gás, balas de borracha e spray de pimenta, além de 'gritos de ordem' e ameaças".
Nas redes
"(...) O carnaval é samba, é alegria, é brilho, é geração de trabalho e renda para muitas famílias. Eu vejo com tristeza as imagens que não param de chegar do que aconteceu ontem à noite [terça] no Centro de Vitória: a força da polícia X o medo de pessoas que se divertiam e vendiam suas mercadorias. Quando há problema, a polícia deve agir com inteligência e respeito às pessoas e não com repressão e violência numa situação como aquela. Lamentável!". Helder Salomão, deputado federal pelo PT.
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