Segunda, 20 Mai 2024

Toma lá, da cá


Esqueça, definitivamente, aquela conversa de transição harmônica entre governos anunciada logo após o primeiro turno por Paulo Hartung. É guerra de poder, sem tirar nem pôr. O governador se aproveita dos últimos meses no comando do Estado para fazer o que bem entende. Ignora, completamente, as medidas e os berros do lado oposto, do governador eleito Renato Casagrande (PSB). Primeiro diante da representação protocolada pela equipe de transição do socialista no Tribunal de Contas sobre os convênios firmados com prefeituras. Hartung nem se coçou, continua fazendo festa, e ainda colocou a Associação dos Municípios do Estado (Amunes), comandada pelo aliado Guerino Zanon (MDB), para brigar contra Casagrande no mesmo Tribunal. Agora, o abono natalino aos mais de 90 mil servidores. O governador negou o benefício o quanto quis, aí, logo no apagar das luzes, resolveu conceder o de maior valor da história: R$ 1,5 mil. O anúncio foi feito em pleno domingo (4), o que já chama atenção. A equipe de transição, mais uma vez, reclamou de buraco no caixa e alertou para a falta de diálogo. Para mostrar que ainda “canta de galo”, Hartung convocou uma coletiva para esta terça-feira sobre o mesmo assunto e escalou seu secretariado para a missão. Reiterou a concessão do abono, marcou data, e ainda levantou palanque para defender o discurso de equilíbrio fiscal e recompensa aos servidores pela atuação. Quer dizer, além de criar saia justa entre Casagrande e os prefeitos, Hartung tenta transferir para o adversário a sua herança negativa em relação ao funcionalismo público. Afinal, mesmo que a questão central não seja essa, nada mais impopular do que se posicionar contra um merecido abono. Até final de dezembro...promete!


Manobra

O deputado estadual Euclério Sampaio (SD) acusou nesta terça, em plenário, o governo Hartung de uma manobra “na calada da noite” com cumplicidade dos conselheiros do Tribunal de Contas, para derrubar a medida cautelar que suspendeu o Programa Águas e Paisagens, no meio deste ano, por suspeitas de corrupção. Autor das denúncias, ele reclama que sequer foi intimado do julgamento, muito menos teve direito a parecer oral e acesso aos documentos da área técnica. 


Manobra II

O deputado alertou para o valor elevado do programa, R$ 1,1 bilhão, financiado pelo Banco Mundial, e voltou a falar de favorecimento à empresa Concremat, tanto na licitação como em obter informações no processo que corre no TCE. Para ele, trata-se de “ingerência criminosa” e remete ao conhecido apelido “Tribunal do Faz de Conta”.


Masmorras

Enquanto isso, em Brasília, Casagrande se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. O assunto, segundo ele, foi o sistema prisional capixaba. Apesar de o problema não ser novo, Casagrande tem manifestado preocupação com os números: 13,8 mil vagas para 22,3 mil presos. 


Anota aí...

O governador eleito também resolveu se pronunciar, nessa segunda-feira (5), sobre os três anos do crime da Samarco/Vale-BHP. Promessa um: “Vamos trabalhar para que as injustiças sejam revertidas e o saldo do desastre minimizado ao longo dos próximos anos”. Promessa dois: “trabalhar incansavelmente para que nunca se repita”. Na gestão passada do socialista, as poluidoras também nadaram de braçada.


Capixaba

Mais uma da série “não está fácil para Magno Malta”: circula, nas redes sociais, um abaixo-assinado contra sua nomeação como ministro no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Foi criado nessa segunda-feira (5) e já reúne (até início da noite desta terça) mais de 2,2 mil adesões. O autor é do Espírito Santo.


Capixaba II

O texto lembra que Bolsonaro prometeu diversas vezes “escolher os melhores e mais bem capacitados para os ministérios e cargos políticos importantes do País”, o que não considera ser o caso de Magno (não só dele, convenhamos). Além disso, reitera a insatisfação da população do Estado em relação ao senador, como manifestado nas urnas este ano. A mobilização é legítima, difícil é convencer o presidente eleito.


‘Paz e amor’

Aliás, mais uma prova disso foi dada nesta terça-feira (6). Até então usando Bolsonaro como escudo pra defender sua competência e merecimento em assumir uma pasta de destaque, Magno divulgou vídeo não só com ele, mas com o vice Hamilton Mourão (PRTB), em suas redes sociais. Legenda: “Em clima de paz, amizade e união comemorando os 30 anos da Constituição Brasileira, em sessão solene no Congresso Nacional”. 


Quanta diferença...

A medida vem para colocar panos quentes na enxurrada de críticas a Magno, intensificadas nos últimos dias, após declarações polêmicas do próprio Mourão, que agora posa sorridente ao lado do senador. O vice, nunca é demais lembrar, não só disse que não havia conversa sobre cargo para Magno, como o comparou a um elefante no meio da sala e um camelo no deserto.


Próximos capítulos

O prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB), anunciou em sua tradicional reunião de segunda (5), que protocolou na Câmara de Vereadores o tal pedido de financiamento externo do Banco Fonplata, alvo de polêmica política entre os poderes. Os vereadores decidiram recuar na última semana, autorizando a reapresentação do projeto, que soma R$ 130 milhões para obras em 30 bairros. Como será a votação desta vez?


Pedestal

Por falar nisso, a vereadora Tia Nilma (PRP) resolveu rasgar elogios ao presidente da Câmara, Ivan Carlini (DEM), na sessão dessa segunda. Foi desde a “história de vida e incrível trajetória política” à austeridade, até chegar na “habilidade de conduzir discussões, mediar conflitos e promover o diálogo”. Carlini, como se sabe, foi o porta-voz do embate do empréstimo usado contra o prefeito, que acabou jogando luz na disputa de 2020.


PENSAMENTO:

“Todas as coisas são números”. Pitágoras

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