Sábado, 27 Abril 2024

Até Quinta tremeu

 

O então prefeito de Presidente Kennedy Reginaldo Quinta (PTB), hoje afastado do cargo por corrupção, como se diz no linguajar popular, “tremeu na base”. Ele preferiu declinar ao esquema proposto pelo então governador Paulo Hartung e o ex-secretário da Fazenda José Teófilo, que previa a cessão de áreas que seriam desapropriadas pela prefeitura e doadas à mineradora Ferrous Resouces. 

Além das negociatas em torno da compra e venda de terrenos envolvendo empresas criadas especialmente para atender ao esquema, o ex-governador queria, a qualquer custo, que o município oferecesse vantagens à empresa. A contrapartida previa a compra de áreas pela prefeitura que depois seriam doadas à empresa. 
 
Apesar de ser suscetível a esquemas ilícitos - como apontam as investigações da “Operação Lee Oswald”, deflagrada pela Polícia Federal no município kennediense -, Reginaldo Quinta ficou um tanto assustado com as vultosas somas envolvidas e os discrepantes valores das operações, que excediam o valor de mercado, em alguns casos, em até três mil vezes.
 
Para atender ao esquema, Quinta teria que pagar pelos terrenos adquiridos da BK Participações e ZMM Participações – empresas que intermediavam as transações de compra e venda de terrenos em Kennedy - valores completamente fora da realidade de mercado. Ele sabia que, mais tarde, o valor absurdo pago com dinheiro do contribuinte poderia ser alvo de denúncia. 
 
Em depoimento à Polícia Civil, Quinta admitiu que o esquema proposta por Hartung deveria render R$ 25 milhões. Mas Quinta ficou receoso em dar andamento ao esquema. 
 
O então prefeito, que assumiu o comando do município em 2008, afirmou nos autos que, mesmo antes de tomar posse, já vinha sendo assediado para dar celeridade ao processo de desapropriação das áreas que seriam adquiridas pela prefeitura e repassadas à mineradora. 
 
Conforme revelou Quinta em depoimento, os operadores do esquema já vinham articulando a desapropriação dos terrenos ainda na gestão do seu antecessor, o então prefeito Aloísio Correa (PR), de quem Quinta era o vice. Correa chegou a alterar Lei Orgânica do Município para deixar o campo preparado para Quinta completar o serviço, mas o prefeito recém-eleito, mais tarde, ao conhecer os valores propostos pelo esquema, recuaria.
 
Quinta titubeou porque temia, em meio a tantos tubarões, ser a parte mais vulnerável na cadeia de corrupção que se instalava no município. O prefeito tinha receio de que não passaria incólume à doação latifundiária à mineradora. A cautela e o medo fizeram Quinta desistir do esquema. Pelo menos, desse processo ele escapou. 

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