Conceitos de maiorias e minorias sociais são construídos a partir do ponto de vista pelo qual se propõe o argumento, e se apresenta o debate. É claro que existe um direcionamento oportunista, que se aproveita de pontos comuns, se disfarçando no pseudo companheirismo de luta, enquanto investe na opressão e no preconceito.
A fragilidade de posicionamentos é identificada ‘quando se percebe a formação de grupos majoritários com o único fim de dominar e estigmatizar, justamente, fatias colocadas agora como menores e sem voz. Um dialogo falso e manipulado.
Apesar do teórico conceito de “maioria”, e da justificativa democrática, o que está por traz são os interesses de poucos, escondidos na ignorância de muitos, que se deixam levar facilmente, conduzidos como rebanhos com viseiras.
Esse falso discurso democrático encobre interesses escusos e em nada voltados ao real beneficio da sociedade. Na verdade, a filosofia democrática visa à proteção de fatias menores do bolo social, sujeitas a opressão e ao estigma imposto pelas partes numericamente maiores. Isso fica bem claro quando a igualdade de direitos é ameaçada ou mesmo suprimida. Ou quando, buscando justificar a perseguição, como no caso dos LGBTs – Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – se propõe plebiscitos ou qualquer tipo de consulta popular.
Ressalto, mais uma vez, a clareza do texto constitucional – Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. – isso, por si só, alerta que em hipótese alguma, uma maioria pode subverter os direitos de uma minoria.
Por exemplo: mesmo já sendo uma garantia legal no Brasil, o casamento igualitário, casamento entre pessoas do mesmo sexo, vem sendo perseguido e ameaçado pelo poder legislativo, contaminado pelo conservador fundamentalismo cristão. A mesma mentalidade retrograda que no senado, se recusa a aprovar, ou mesmo levar ao plenário, o PL 122/06 que criminaliza a homofobia.
Discursos de ódio, como do Senador Magno Malta e do pastor Silas Malafaia, contra os LGBTs, vem alimentando a mente fraca de quem os ouve – Isso é indução ao crime. No caso, o senador do PR capixaba é o principal opositor da criminalização da homofobia, apesar do Brasil ser apontado por organizações internacionais, como o país que está no topo da lista de crimes homofóbicos, responsável por 44% das ocorrências mundiais. Segundo o GGB (Grupo Gay da Bahia), só esse ano já há registro de mais de 205 pessoas vitimas do preconceito.
Essa última semana teve claramente três crimes homofóbicos que vem a se juntar a tantos outros com o sem registro, o caso do garçom de 18 anos João Antonio Donati, em Goiás; Wanderson Silva, em João Pessoa, na Paraíba; e o incêndio do CTG (Centro de Tradições Gauchas), no Rio Grande do Sul, onde aconteceria um casamento igualitário coletivo.
Mais uma vez, ressaltamos a importância da criminalização oficial da homofobia, e punir severamente indutores de ódio e preconceito como os citados acima. E continua a palavra de ordem: queiram ou não, HOMOFOBIA É CRIME, então cadeia aos homofóbicos.
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]