Apesar de parte da mídia e de alguns analistas ainda duvidarem se a sua pré-candidatura ao governo do Espírito Santo em 2014 é para valer, Guerino Balestrassi (PSDB) afirma que é, sim, para valer. E se coloca e se comporta como pré-candidato. Está, portanto, na estrada. Tendo em vista a desidratação político-eleitoral do PSDB no Espírito Santo, na verdade a candidatura de Guerino ao governo passou a ser crucial para o PSDB estadual e, principalmente, para construir palanque para a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República.
Neste início de pré-temporada, com as sucessões nacional e estadual na mídia, o principal desafio de Guerino é mostrar que a sua candidatura é para valer e construir alianças e apoios para ter dimensão estadual, para além do seu reduto eleitoral de Colatina.
Recém filiado ao PSDB, em março de 2013, Balestrassi estava no PSB, mas já passou pelo PV e pelo PTB e já flertou com a REDE de Marina Silva. Sem histórico de identidade partidária ele precisa, portanto, convencer os tucanos que agora é um deles e que poderá agregar musculatura político-eleitoral ao partido. Seus movimentos político-partidários têm sido erráticos e personalistas. Ao mesmo tempo, ele precisa gastar sola de sapato para rodar o Estado buscando apoios e alianças para se viabilizar como candidato. Muito chão pela frente ainda.
Nascido em Colatina, Guerino foi prefeito do município por dois mandatos consecutivos, de 2001 a 2008. Ali, consolidou um sólido reduto eleitoral que se mantém até hoje. Ali, construiu alianças locais e micro-regionais, com a Igreja católica e com lideranças locais, prefeitos e ex-prefeitos. Engenheiro formado pela UFES, com pós-graduação em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas de Colatina (FACEC), Guerino também atuou como empresário e professor e construiu imagem de bom gestor. Foi presidente da Amunes entre 2005 e 2009 e, em 2009, foi eleito vice-presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Agrega, assim, à sua experiência de gestor a experiência de militante das causas municipalistas, o que ajuda a construir capilaridade estadual.
Esta possibilidade de ter capilaridade estadual foi cultivada mais recentemente na medida em que ele foi até muito pouco tempo presidente do Bandes no governo Casagrande (PSB). Sua saída intempestiva e polêmica do governo Casagrande incensou a sua imagem de errático e personalista, mas criou condições para a sua entrada no PSDB e a sua postulação a uma candidatura majoritária. Ele pode ser “o cara” que o PSDB precisa para conter a desidratação no Estado, para dar palanque ao candidato nacional e para ajudar a eleger deputados federais e estaduais. De quebra, mas não menos importante do ponto de vista de expectativa de poder, numa eleição para governador competitiva e de segundo turno, uma candidatura do PSDB pode tornar-se aliança importante para o segundo turno.
Guerino foi testado nas urnas duas vezes. Obteve 18.939 mil votos em sua primeira eleição para prefeito de Colatina nas eleições de 2000 e 41.135 mil votos na sua reeleição em 2004. Lá consolidou um reduto. Agora tem que fazer a travessia política (difícil) de político de reduto para político com capilaridade estadual e com opinião sobre os problemas estaduais e nacionais. No passado recente, o ex-prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), candidatou-se ao governo estadual, mas não conseguiu acumular forças para ir além do seu reduto, a Serra. Foi derrotado nas urnas e depois voltou para a sua paróquia eleitoral. Seria isto uma contradição em termos ou síndrome do reduto? Terá Guerino condições, apoio, discurso e habilidade para superar a sua condição de político de reduto?
Para tanto, ele precisa articular o discurso de bom gestor com boa aceitação popular neste momento de manifestações que ainda não acabaram — com o discurso de ativista das causas municipalistas —, também com boa aceitação neste momento no Espírito Santo. Aí, neste plano dos discursos, vai medir talvez forças com senador Ricardo Ferraço (PMDB), pré-candidato com discurso da gestão, e com o governador Casagrande (PSB), candidato à reeleição com fortes raízes nos municípios do interior do Estado e com discurso também municipalista.
Mas o que Guerino mais precisa no momento da largada é realmente mostrar que ele é e será abraçado pelos caciques estaduais e nacionais do PSDB e pelas lideranças do PSDB nos municípios, além de poder ciscar no terreiro da REDE de Marina Silva no Espírito Santo, visto que muita gente da REDE no estado ficou meio zonza e órfã depois da união com o PSB no plano nacional.
O mercado político circula fatos e boatos dando conta que a candidatura Guerino poderá ser braço-auxiliar (seja lá o que isto venha a significar) do ex-governador Paulo Hartung. Será? Como sempre, este mercado político regional considera que Paulo Hartung é uma espécie de “Deus Ex-Machina” na política capixaba, e passa a pautar-se por seus movimentos e suas sinalizações trocadas…
Vai o PSDB do Espírito Santo aceitar eventualmente este papel oculto de “braço-auxiliar” de quem quer que seja? Por tudo isto, pelo dito e pelo não dito, Guerino Balestrassi precisa acima de tudo mostrar que a sua candidatura é para valer…