A greve é de fundamental importância para a classe trabalhadora, pois ela é o principal instrumento de pressão para a conquista de direitos. Esse instrumento, porém, deve ser levado mais a sério, não pode ser usado como moeda de troca econômica.
Esse mau uso dessa importante ferramenta leva ao descrédito e a manobra patronal, usando a própria ferramenta do trabalhador, que em vez de ajudar o trabalhador favorece o empresário, na questão salarial, e até a sociedade, com o aumento de tarifas, como acontece no setor de transporte.
O pior de tudo isso é que a sociedade já não mais assimila o movimento. Este ano passamos já por greve dos bancários, dos correios e da construção civil, para ficar só nos grandes sindicatos. A greve começou e acabou e a população no ficou sabendo nem mesmo da pauta de reivindicação. Até porque ela se restringiu apenas à questão salarial.
Para envolver a sociedade e fortalecer o movimento, a pauta deveria ser ampliada e discutida com a sociedade como um todo. Mas as negociações ficam apenas na mesa com diretores sindicais e empresários, que se movem apenas em relação à questão financeira. Muitas vezes se esquecem do fator inflação, que leva a conta para toda a sociedade.
Essa desvirtuação do movimento não é culpa só do movimento. O afastamento das centrais e do Partido dos Trabalhadores das ruas foi um fator acelerador desse comportamento. Caberia a essas duas instâncias fazer a mediação com a sociedade e colocar na pauta as questões caras à população.
Mas a briga por poder acabou fazendo tanto as centrais como o PT se voltarem para as disputas internas pelo controle da máquina. Enquanto isso, os conchavos correm soltos entre sindicatos e patrões. Como nos dias atuais é impossível evitar que se conheça as artimanhas de gabinete, o descrédito com o movimento é cada vez maior e a alienação da sociedade contribui para cada vez mais o movimento se desgastar e se enfraquecer politicamente.
Uma solução para esse galopante disfunção é o empoderamento da classe trabalhadora de seu próprio movimento. É preciso pressionar por mudanças ou será o fim da luta de classe como deveria ser o objetivo da atuação sindical. Se os dirigentes não querem fazer, que faça a população. E faça logo.