Nesse início de junho o mundo comemorou os 70 anos da invasão aliada na Normandia – o chamado Dia D – que detonou o início do fim da Segunda Guerra, do Terceiro Reich, feito para durar 1000 anos e que não durou mil dias, e do Eixo, a aliança formada entre Alemanha, Itália e Japão. Dia D é um termo militar que começou a ser usado na Primeira Guerra, e indica a data de uma operação ou de um combate quando o dia real não está ainda estipulado ou é secreto.
Pelos mesmos motivos também é usada a expressão Hora H, obviamente indicando a hora de um ataque ou operação militar. Mas foi a expressão Dia D que fez um desvio de rota, hoje se referindo à invasão de 6 de junho de 1944 na Normandia, pelas Forças Aliadas. E nem seria para menos, dada sua grandiosidade – mais de 5.000 navios, 11.000 aviões, 150.000 homens. Tal aparato não ocorreu da noite para o dia – sua preparação começou em 1943, com planejamento meticuloso e treinamento intensivo.
“Quando as rampas dos barcos baixarem, os homens mergulham, nadam, correm, e rastejam pelos rochedos”. A maioria deles com menos de 20 anos, e fizeram tudo isso carregando 15 quilos de equipamento nas costas. Terminado o ataque, cujo nome era Operação Netuno, os aliados tiveram 10.000 feridos e 4.414 mortes confirmadas, enquanto os alemães tiveram “apenas” mil mortes. Mas as áreas conquistadas se expandiram rapidamente, e nunca voltaram às mãos inimigas.
Essa que ainda hoje é a maior invasão feita por mar em todas as guerras deveria ocorrer no dia 5 de junho, mas foi adiada pelo mau tempo. Que não melhorou muito no dia seguinte, mas não havia outra data – a sincronização perfeita exigida entre as fases da lua, o quadro das marés e a hora propícia só ocorreria em mais duas semanas. Mesmo com tantas perdas, a operação foi um sucesso, e no ano seguinte a guerra terminou.
Ao contrário do que vemos hoje em países “libertados”, os americanos chegando à Europa destruída pela sanha de Hitler foram recebidos como heróis. Eram então os mocinhos, os libertadores. É interessante observar que uma mera designação militar, o Dia D, tenha se tornado símbolo de vitória e salvação, enquanto a Hora H, ao contrário, foi transformada em termo jocoso ou pejorativo. Na Hora H alguém se escafedeu, branqueou, foi pego, não deu conta do recado… Na Hora H a polícia chegou… Encerro a coluna na Hora H.