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Pior, impossível

Os filmes se tornaram uma das nossas maiores formas de expressão cultural, superados apenas pela televisão, embora sejam farinha do mesmo saco, como diria Carlitos.  Nunca encontrei quem nunca foi ao cinema, quem nunca assistiu a um filme ou quem não sabe citar um filme preferido ou inesquecível. Formadores de opinião, eles pularam das telas dos cinemas para as livrarias e faculdades, com um sem número de livros, filmes, documentários, pesquisas e artigos sobre filmes e seus sub-produtos: atores, autores, diretores, produtores, cenários, fotografia, costumes, etc.
 
Houve um tempo em que ir ao cinema era obrigatório, para ver e ser visto, não o filme, mas a plateia; para se atualizar e ter assunto nos encontros, eventos, reuniões. Com os avanços da tecnologia criando novos estilos de vida, os cinemas saíram de moda, e o fim desses templos da diversão andaram com dia e hora marcados. Mas surpreenderam e ressuscitaram, principalmente por se adaptarem ao gosto da força jovem.  Hoje nas escolas eles vão vistos, copiados, estudados e analisados seriamente.
 
Tem filme sobre tudo, que se adaptam a todas as áreas do saber humano, seja filosofia ou comércio internacional,  história ou ecologia, direitos humanos ou abuso de poder, amor ou dinheiro. Governo, feitiçaria,  epidemia, desastres naturais ou inventados… lembre de um assunto qualquer, e tem um filme sobre ele. Ir ao cinema pela primeira vez é um deslumbramento que acontece cada vez mais cedo (vejo mães com bebês de colo!). Uma experiência inesquecível? Com certeza, talvez, ou nem tanto.
 
Pois me intriga  não lembrar a primeira vez que entrei num cinema e vi um filme. Tá bom, já tem muito tempo… Naturalmente foi em Alegre, no cinema em frente ao jardim da Praça da Bandeira, famoso por não ter escada de acesso para o segundo andar. O cinema, não o jardim. Como o cinegrafista chegava lá, não sei. Nessa época eu via tudo que passasse, pois era apenas um filme por semana, duas sessões no domingo depois da missa. Hoje sou mais exigente e eliminei violência explícita, dramalhão lacrimoso, política, militar, etc. A menos que. 
 
Na matinê de domingo tinha os seriados – Flash Gordon, Roy Rogers, Zorro –  com 99% de meninos barulhentos na audiência. Nunca fui, pois já naqueles idos não gostava de seriados. Hoje deparo com o mesmo problema, quando os filmes estão sendo superados pelos seriados da TV. Igual novela no Brasil, a gente fica sem assunto nas conversas sociais e familiares. Vejo um capítulo ou outro quando alguém está vendo em casa, apenas por cortesia. Quer dizer,  você assiste ou fica mudo.
 
Decidindo que deve haver algo errado comigo, os filhos resolvem me induzir a assistir uma série completa. Tramam nas minhas costas, escolhendo qual deveria ser meu batismo de fogo.  Assim, têm certeza, serei também cativada, como fez a raposa do Pequeno Príncipe. E o Oscar foi para… “De mal a pior”. Segundo o Google Brasil, um sitcon americano sobre uma família rica e disfuncional cujo pai vai preso. De repente, acabou o dinheiro.
 
Um domingo inteiro vendo um capítulo atrás do outro – pausa para o almoço – muito riso e nenhuma conversa…  outro capítulo… pausa para atender o telefone… mais risos… pausa para o banheiro… mais risos… mais um? Deu para ver a primeira temporada, apenas. Legal, a série é mesmo engraçada, rir faz bem à saúde e às relações afetivas, melhor assistir do que ficar encarregada da pipoca… Só não sei como vou conseguir escapar no próximo domingo sem ferir sentimentos

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