O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) vai firmar um convênio nesta terça-feira (19) com o Comando da Polícia Militar para contratar 120 militares da reserva que reforçarão a segurança nos fóruns. A medida foi tomada após alguns episódios recentes de ameaças a juízes. Um deles, no último dia 7, envolvendo a juíza de Ibiraçu, inclusive, não passou de um mal-entendido do segurança fórum, que, desconfia a polícia, confundiu estampidos de fogos de artifícios com tiros.
Além dos policiais aposentados, o TJES também promete dobrar o efetivo de seguranças patrimoniais nos fóruns. Com o reforço, até o final deste mês as principais comarcas do Estado vão contar com vigilância 24 horas.
A medida de reforçar a segurança dos magistrados e funcionários do Judiciário é louvável. Afinal, é correta a iniciativa do tribunal de se preocupar com a vida de seus servidores.
Pena que a iniciativa não possa ser replicada para outras categorias. Vejam o caso dos médicos da rede pública, por exemplo. São comuns as ocorrências envolvendo o resgate de bandidos que estão em atendimento na saúde. Vira e mexe, as páginas policiais dos jornais publicam notícias sobre tiroteios dentro de hospitais.
Os médicos, porém, não têm a mesma sorte dos magistrados. A segurança patrimonial dos hospitais e unidades de saúde, em geral, é precária. A vulnerabilidade estimula os bandidos, que estão cada vez mais ousadas nas ações de resgate. Azar dos profissionais de saúde, que saem de casa sem saber se vão voltar.
Mesmo drama vivem os professores, sobretudo os que trabalham em bairros com altos índices de violência. Só este ano, a imprensa noticiou mais de um caso envolvendo atentado a professores. Os profissionais da educação, a exemplo dos da saúde, também não têm para onde correr.
Os orçamentos dessas duas pastas geralmente já estão bem aquém das necessidades para garantir essencialmente o serviço. Ou alguém acredita que o governo anunciará nos próximos dias a contratação de policiais aposentados para fazer a segurança de hospitais e escolas?
Tão vulnerável quanto médicos e professores está a população em geral, que permanece refém da violência. De outro lado, as classes mais abastadas – que assim como o tribunal têm um gordo orçamento – a cada dia investem mais dinheiro para se defender da violência: blindam carros, contratam seguranças super treinados e tentam passar bem longe das zonas de exclusão, onde o risco de morte é sempre maior.
Como diz o ditado popular, quem pode, pode, quem não pode…