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Saída deveria ser moral

Não é de hoje que existe uma pressão dentro do PT capixaba para romper com o governo do Estado. O pleito das correntes contrárias à aliança vem sendo represado há anos pela principal liderança do partido: o ex-prefeito de Vitória João Coser. Desde que se elegeu prefeito da capital, em 2004 (se reelegeu em 2008), Coser fez opção pela aliança com o então governador Paulo Hartung (PMDB) e, desde então, vem se mostrando competente para neutralizar todas as tentativas nesse sentido. 
 
O Processo de Eleições Diretas (PED) realizado em meados de maio último, que reconduziu Coser à presidência da legenda no Estado, rompeu a blindagem dessa aliança. Numa disputa duríssima com o deputado federal Givaldo Vieira, cercada de polêmica (que, aliás, está sendo avaliada pela Comissão de Ética da nacional do partido), Coser não teve como evitar que os delegados aprovassem a resolução que, entre outras questões, determinou o rompimento imediato com o governo Paulo Hartung. 
 
No calor do debate entre as correntes, Eliézer Tavares, da Alternativa Socialista (AS), ligado a Coser, conseguiu incluir uma “emenda jabuti” na resolução, estendendo o rompimento com todas as administrações municipais do Estado comandadas por prefeitos que defenderam o impeachment de então presidente Dilma. Na prática, a emenda de Eliézer funciona como uma espécie de “chantagem” à decisão de romper com o governo Hartung. 
 
As declarações do secretário estadual de Trabalho e Assistência Social, Carlos Casteglione, ao jornal A Gazeta (19/06/17), revelam, na prática, o uso da emenda de Eliézer. Casteglione já avisou que só deixa o governo depois que todos os pontos aprovados no PED forem cumpridos, ou seja, após todos os petistas entregarem seus cargos nas prefeituras, dos que estão vinculados a municípios com modestos cinco ou seis mil eleitores até os que têm eleitorado acima da casa do 100 mil. 
 
Assim como Coser, Casteglione vai se esconder atrás do próprio PED, que veio justamente para corrigir a incoerência do PT, para “barrigar” a decisão de deixar o governo do Estado. 
 
Ora, o mais neófito dos petistas sabe de trás para frente que o governador Paulo Hartung sempre foi um crítico contumaz dos governos de Lula e Dilma. Na eleição de 2014, Hartung não escondeu o seu posicionamento político de ninguém. Foi cabo eleitoral do então candidato tucano Aécio Neves — hoje afastado do cargo de senador devido às denúncias que o envolvem na Lava Jato. Com a vitória de Dilma, passou a apoiar o impeachment da petista. Mesmo assim, o PT capixaba se manteve fiel à aliança com o Palácio Anchieta. O próprio Coser assumiu a Secretaria estadual de Desenvolvimento Urbano, o que revela qual é sua visão sobre a aliança com Hartung. 
 
É lamentável que um partido dependa de uma resolução para tomar uma decisão que vem sendo adiada há anos. Isso se o PT quisesse se mostrar coerente à sua linha ideológica. Mas a conduta de Coser à frente do partido, assim como de seus apoiadores, mostra que os valores ideológicos do PT são facilmente preteridos em nome de uma aliança política que tem priorizado pessoas e enfraquecido o partido. 

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