Sobressaltos
Em seu discurso de posse na Assembleia Legislativa, em janeiro de 2011, o governador Renato Casagrande disse que pregava a harmonia entre os poderes, porque não queria acordar com sobressaltos no meio da madrugada. Mas desde o início de seu mandato vem cortando um dobrado com a Casa.
Nada que comprometa a sua governabilidade, afinal, os parlamentares vêm mantendo a aprovação dos projetos do governo e tendo uma postura de diálogo com o Executivo. Mas as incompatibilidades são muitas desde o início do mandato.
Os deputados se queixam sistematicamente da falta de atendimento das demandas entregues ao secretário-chefe da Casa Civil Luiz Carlos Ciliotti. E as movimentações de governo e Assembleia para a escolha do chefe do legislativo não são nada tranquilas.
Na época de Hartung, a discussão era simples. O governador escolhia o nome e os deputados abonavam, sem discussão. Mas como Casagrande não utiliza os mesmos métodos que seu antecessor, abre espaço para o embate. Casagrande não engole Theodorico Ferraço (DEM) à frente da Mesa Diretora. O temperamento intempestivo é ameaçador, embora o demista tenha demonstrado parceria no que se refere a projetos e discussões.
Mas algumas manobras do presidente da Casa têm causado dor de cabeça, até porque mexem com o cofre. A questão dos 11,98% e, agora, o abono de R$ 2 mil colocaram o governo contra a parede. Evidentemente, Theodorico não está cobrando nada de absurdo. O resíduo da reposição dos planos econômicos é um direito dos servidores e o abono, se a Casa tem recursos, poderia muito bem ser pago.
Afinal, em outros tempos, a Assembleia posou de boazinha devolvendo dinheiro do Orçamento, enquanto os servidores da Casa viam navios passando na baía de Vitória. Mas a forma como Ferraço faz essas movimentações soa como cotovelada no Executivo, fica a sensação que ele faz para criar uma situação, mesmo. Ferraço é um deputado que tem condições de fortalecer o Legislativo, tem feito isso, tanto que conseguiu 22 assinaturas na PEC da reeleição.
Até os petistas que impuseram o fim da prática na Casa não são contrários a Ferraço, mas entrar em rota de colisão com o governador da forma que o presidente faz, deixa o plenário em uma saia-justa. Enquanto isso, o governador continua com problemas para dormir.
Fragmentos:
1 – Mesmo sem emplacar um parlamentar entre os melhores do ano, o Espírito Santo quer a presidência da Câmara dos Deputados e reverter uma situação que beneficia 25 estados. Será que vai?
2 – Nem bem acabaram as eleições e a movimentação nas Câmaras de Vereadores, sobretudo da Grande Vitória, já é grande para a escolha de seus presidentes.
3 – A onda da mudança também deve influir nas eleições dos legislativos. O resultado das urnas ainda ecoa e os vereadores devem mudar suas posturas, até por uma questão de sobrevivência política.
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