Sábado, 27 Abril 2024

​IA na Educação: revolução em curso

A educação se vê diante de uma transformação decisiva com a ascensão da Inteligência Artificial (IA). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza a capacidade crítica, reflexiva e ética dos estudantes no uso das tecnologias, abraçando uma Cultura Digital que permeia todas as esferas da vida moderna. No entanto, o desafio vai além da mera familiaridade com dispositivos e reside na compreensão profunda dos princípios morais, sociais e pedagógicos dessas tecnologias.

O embate entre o potencial da IA na educação e os receios de sua substituição pelo papel do professor é evidente. Muitos docentes temem a obsolescência de suas profissões diante do avanço tecnológico. Entretanto, a habilidade de integrar e explorar os recursos da IA no ensino pode transformar esse panorama, tornando o professor não obsoleto, mas sim um guia fundamental na navegação por esse mar de possibilidades digitais.

A experiência de Luciana Allan, doutora em Educação pela USP e diretora técnica do Instituto Crescer, em uma escola tradicional de Londres, revela que uma pedagogia sólida e uma didática bem estruturada ainda são a espinha dorsal do processo educacional. Mesmo sem o uso extensivo de tecnologias digitais, a Cardinal Vaughan Memorial School figura entre as melhores para o ingresso na renomada Universidade de Cambridge. Isso ressalta a importância da qualidade do ensino sobre a quantidade de recursos tecnológicos disponíveis.

É certo que não podemos ignorar o potencial transformador da tecnologia na educação. A conectividade nas escolas públicas brasileiras, embora ainda incipiente, promete ampliar horizontes para os estudantes. A Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, lançada pelo governo em setembro do ano passado, busca justamente universalizar o acesso à internet e fomentar o uso pedagógico da tecnologia, incluindo a IA.

O desafio, portanto, não é banir a IA da sala de aula, mas sim integrá-la de forma eficaz ao processo educacional, empoderando alunos e professores para tirar o melhor proveito dessa ferramenta. O desenvolvimento de habilidades críticas, analíticas e éticas se mantém como pilar fundamental da educação, agora ampliados para incluir a compreensão e o uso responsável das tecnologias digitais.

A educação do século XXI não pode ser uma mera reprodução do passado, tampouco uma corrida desenfreada em direção ao futuro tecnológico. Ela deve ser um equilíbrio delicado entre a tradição e a inovação, entre a solidez pedagógica e a fluidez digital. Somente assim poderemos formar cidadãos críticos, participativos e plenamente adaptados ao mundo em constante transformação da era IA.

Luciana Allan nos convida a repensar não apenas o fazer pedagógico, mas também o papel da escola e do professor na sociedade contemporânea. Nessa jornada, a Inteligência Artificial não é uma ameaça, mas sim um desafio a ser enfrentado com coragem e sabedoria. O futuro da educação está sendo escrito agora e cabe a nós garantir que seja um futuro de inclusão, inovação e oportunidades para todos.

É necessário reconhecer que a IA não é uma panaceia para todos os desafios da educação. Ela é uma ferramenta poderosa, mas seu sucesso depende da integração eficaz com uma pedagogia sólida, do apoio adequado aos educadores e do compromisso com os valores fundamentais da educação, como a promoção da igualdade, da diversidade e do pensamento crítico.


Flávia Fernandes é jornalista, professora e autêntica "navegadora do conhecimento IA"
Instagram:
@flaviaconteudo

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