Quinta, 02 Mai 2024

Audiência pública discute realocação da Galeria Homero Massena

Audiência pública discute realocação da Galeria Homero Massena

 
No começo deste ano, os artistas foram surpreendidos com a notícia de que a Galeria Homero Massena precisaria ser realocada. Motivo: o governo do Estado pediu o prédio das Fundações, onde a Galeria funciona desde 1977, para abrigar a nova sede da Casa da Mulher Brasileira - um programa de governo que visa a atender mulheres em situação de violência.  
 
Alguns artistas se reuniram e redigiram uma petição online em repúdio à decisão arbitrária da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Até então, não se sabia qual o lugar exato que a Galeria seria realocada, mas algumas informações de bastidores da Secult indicavam que o destino mais provável é a Casa Porto, prédio da Prefeitura de Vitória que recentemente foi reformado, mas que ainda não foi inaugurado.
 
Os artistas pediram mais transparência em relação a essas decisões e também um momento para discutirem junto com o poder público o destino da Galeria Homero Massena. Nessa segunda-feira (18), uma audiência pública foi realizada para esclarecer as dúvidas sobre esse assunto e debater a gestão da cultura em Vitória. Entre artistas, professores, produtores culturais e membros do conselho e do sindicado dos artistas, estiveram presentes também a Secretária de Cultura de Vitória, Andrea Carvalho – que está substituindo Alexandre Lima. A audiência foi proposta pelo  o vereador Luiz Emmanuel (PSDB).
 
A primeira reivindicação dos artistas era para que a Galeria Homero Massena permanecesse no prédio das Fundações até que a prefeitura encontrasse e reformasse um local adequado para alocar o acervo e as exposições. Segundo os artistas, a Casa Porto é muito pequena e não comportaria a Galeria Homero Massena e dessa maneira as atividades de ambas seriam prejudicadas. Já o prédio do antigo Arquivo Público, local destinado para a sede definitiva da Galeria, é uma construção histórica e tombada pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), o que implica em uma reforma mais delicada e demorada. 
 
A Secretária de Cultura, entretanto, esclareceu que a gestão compartilhada da Casa Porto e da Galeria Homero Massena será algo temporário e não haverá prejuízo para ambos. A Galeria iria ocupar apenas o salão de exposições e isso não interferirá nas atividades da Casa Porto, que mantém em sua programação oficinas, workshops, lançamentos de editais, palestras e demais ações relacionadas às artes plásticas. Andrea Carvalho também adiantou que a Casa Porto será inaugurada no final de abril.
 
Os artistas presentes se mostraram insatisfeitos com as decisões e não acreditam que essa gestão compartilhada será benéfica para os espaços de artes. Eles continuam pedindo um espaço mais adequado para a Galeria Homero Massena. “Acredito que para que a gestão seja compartilhada deve haver compartilhamento, antes de tudo. Não temos acesso às informações, que deveriam ser públicas, sobre o corpo técnico dos espaços culturais, sobre seu orçamento, sobre seus projetos e previsões”, diz a produtora cultural Amanda Brommonschenkel.
 
Além disso, o grupo de artistas também questiona a constante perda de espaços culturais que Vitória vem sofrendo. Um desses espaços é o Casarão Cerqueira Lima que irá abrigar um novo gabinete da prefeitura. A secretária de Gestão Estratégica Lenise Loureiro esclareceu que a ida do prefeito Luciano Rezende (PPS) para o Centro de Vitória é estratégica e que a valorização do Centro é prioridade desta gestão. Ela também afirmou que o gabinete irá ocupar outra sala do casarão e que o espaço para a exposição não será perdido 
 
A Galeria Homero Massena é um dos equipamentos culturais mais antigos do Estado. A Galeria sempre foi muito importante para a cena artística de Vitória principalmente para jovens que se lançam no campo das artes. A classe artística exige que o poder pública cumpra as propostas discutidas na audiência e que nem a galeria e nem a Casa Porto sejam prejudicadas com essas novos arranjos. Por enquanto, não há garantia e nem datas para quando essas mudanças irão ocorrer.
 
Plano Municipal de Cultura 
 
O Plano Municipal de Cultura de Vitória também entrou na pauta da audiência pública dessa segunda-feira. Os representantes da sociedade civil queriam saber por que o plano não havia sido aprovado ainda. A aprovação do plano prevê uma verba que se vê necessária, principalmente, para resolver a questão de falta de espaços culturais em Vitória.
 
O Plano Municipal de Cultura foi finalizado em abril do ano passado e ainda em 2013 o prefeito Luciano Rezende o entregou ao secretário de Cultura Alexandre Lima, que permanece afastado por motivos de saúde. Entretanto, quase um ano depois, o plano ainda não foi aprovado e colocado em prática. 
 
O documento foi criado coletivamente e registra as propostas de ações culturais da cidade para os próximos 10 anos. Das 27 metas construídas, uma dela pretende aumentar a verba destinada para a cultura de 1,8% para 5%, de forma escalonada. 
 
A classe artística exige que um novo prazo seja estipulado para a aprovação do plano e também que o texto seja divulgado para conferir se não houve nenhuma alteração durante esse tempo. 
 
A classe artística se queixa que há muitas outras questões que ainda precisam ser esclarecidas e para isso é necessário mais transparência. As reuniões do Conselho de Cultura precisam ser mais divulgadas, assim como as suas pautas, para que cada vez mais a sociedade possa comparecer a esses encontros e colaborar com a gestão da cidade. 

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