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Centro Nacional é criado no Estado para fortalecer comunidades tradicionais

Diretoria do Cenarab-ES, que já existe em 23 estados, vai tomar posse neste sábado, na Casa do Cidadão, em Maruípe

As religiões de matriz africana irão ganhar mais um espaço de mobilização e reivindicação de direitos. No próximo sábado (30) acontecerá a posse da diretoria do Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro-Brasileira no Espírito Santo (Cenarab-ES), às 16h, na Casa do Cidadão, em Maruípe, Vitória. O Cenarab já existe em 23 estados brasileiros, passando agora a atuar no Espírito Santo. Um dos objetivos é fortalecer as comunidades tradicionais, impulsionando sua organização.

No Espírito Santo, o Cenarab será presidido por Edinéia Cabral da Silva, a Mãe Neia, do terreiro Musambu Irá Kuk uetu (Nzo Alafim de Iemanjá), em Bairro de Fátima, na Serra. Também haverá coordenações municipais nas cidades de Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana. Segundo Mãe Neia, o Centro contará com assessoria jurídica para orientar o povo de terreiro em relação a seus direitos, além de cobrar políticas públicas e, também, fortalecer candidaturas de representantes das religiões de matriz africana.

Mãe Neia, ao centro. Foto: Elaine Dal Gobbo

A mãe de santo destaca que grande parte das pessoas que ocupam cargos eletivos são protestantes ou católicas, “não as defendendo em nada”. “Não queremos afrontar ninguém, queremos respeito, assim como respeitamos a todos. Estamos na luta contra o preconceito, pertencemos a uma religião como outra qualquer, somos um povo massacrado há muitos anos. A gente cultua a natureza, não fazemos mal para os outros, como muitos falam”, desabafa.

Sandro d’jagun, babalorixá e dirigente da casa de axé Ibaxe Omo jagun, no bairro Planeta, em Cariacica, será coordenador do Cenarab-ES nesse município. Ele afirma que a entidade busca também fortalecer as participação do povo de terreiro em outros espaços de organização popular, como os conselhos municipais e estaduais. Além disso, vem para “fincar a bandeira” e fazer com que as casas saiam da clandestinidade.

Ele cita o exemplo de Cariacica, onde o “Mapeamento dos Povos e Comunidades Tradicionais” aponta que, das 86 casas espíritas da cidade, somente quatro têm CNPJ e alvará. De acordo com ele, ter um alvará faz muita diferença quando as pessoas precisam denunciar agressões, por exemplo. “Se alguém for agredido, se a casa for agredida, e a pessoa, como pessoa física, fizer a denúncia, pode ser mal atendida. Com a casa legalizada muda, o atendimento é outro”, explica.
Recentemente, no mês de setembro, o Monumento a Iemanjá, que existe há 36 anos na Praça Encontro das Águas, em Jacaraípe, na Serra, foi depredado. Na ocasião, o pai de santo Jerdam de Matamba, do terreiro Inzo Muki Ria Matamba, no bairro Barcelona, informou que foi surpreendido com fotos e vídeos que comprovaram a depredação, enviadas por pessoas que passaram em frente ao monumento e o viram arrombado. Além de a casa ter sido arrombada, tiraram a cabeça da imagem da orixá, urinaram no local e foram feitos outros estragos.
Foto: Divulgação

Por causa desse ato de vandalismo, em 25 de setembro foi realizada, em frente ao Monumento, uma manifestação contra a intolerância religiosa. O protesto foi organizado pela União Espírita Capixaba (Unescap). Durante o ato, Jerdam de Matamba afirmou que iriam procurar o poder público para reivindicar providências. “Queremos câmera, um vigilante e apoio para eventos que pretendemos realizar aqui, como oficinas, minicursos e outras atividades, não só para nosso povo de matriz africana”, disse.

Foto: Elaine Dal Gobbo

Além dos povos de matriz africana, a manifestação contou com representantes de movimentos sociais e mandatos.


‘Vamos bater na porta do poder público e cobrar’, diz pai de santo

Povos de matriz africana protestaram em Jacaraípe e pediram providências do poder público contra intolerância religiosa


https://www.seculodiario.com.br/direitos/vamos-bater-na-porta-do-poder-publico-e-cobrar

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