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Majeski faz apelo a Casagrande: ‘chega de política autoritária da Era Hartung!’

Deputado alerta que criação arbitrária de escolas de tempo integral, como na Escola Viva, vai aumentar evasão

“Eu faço aqui um apelo veemente ao governador! Eu não estou falando nem com o secretário, mas com o governador Casagrande! Quantas vezes eu mesmo conversei com ele sobre essa forma arbitrária que o governo [anterior, de Paulo Hartung] implantava as escolas vivas! Para agora o atual governo fazer a mesma coisa?”. 

O desabafo foi feito pelo deputado Sergio Majeski (PSB) durante a sessão ordinária desta segunda-feira (26) da Assembleia Legislativa, abordando a intenção da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) de implantar ao menos cinco escolas de tempo integral em 2021, segundo denúncias feitas pelas comunidades impactadas, que reclamam não terem sido ouvidas sobre as propostas e que os municípios não dispõem das chamadas escolas-espelho. 


“Se o governo quer implantar a escola de tempo integral, primeiro a comunidade tem que ser ouvida. E tem que ter uma escola-espelho no município, do contrário, não se implanta”, asseverou Majeski, que é professor e tem a Educação como sua principal bandeira. 
A própria legislação da criação de escolas de tempo integral, ressaltou, determina a consulta às comunidades escolares, para que elas entendam a proposta e decidam se a querem ou não. “As escolas não estão sendo ouvidas. E pior: nenhuma delas tem escolas-espelho. E isso é fundamental!”, afirmou. 
O motivo, explicou, é que uma escola de tempo integral não pode ser obrigatória para nenhum aluno ou família, pois muitos estudantes, por variados motivos – trabalho, estágio, residência distante da escola – podem não conseguir se dedicar ao turno integral, precisando, portanto, de uma segunda opção para continuarem os estudos [escola-espelho], em horário condizente com as necessidades das famílias, refutando, portanto, que a solução seja ofertar turmas no horário noturno. “À noite não resolve nada, se o aluno tem que estudar de dia”, acentuou.
“Ligamos pra Secretaria de Educação e disseram ‘ah, nós estamos pensando ainda, não está nada decidido’, mas na maioria dessas escolas a superintendências já avisaram que a escola de tempo integral será implantada a partir de 2021”, repudiou. 
Até o momento, segundo Majeski, as superintendências regionais de Educação já comunicaram sobre a proposta para as escolas Maria Garcia Vieira, em São José do Calçado; Horácio Plínio, em Bom Jesus do Norte; Cândida Póvoa, em Apiacá; Pedro Alcântara Galveas, em Dores do Rio Preto; todas no sul do Estado; e Sílvio Rocio em São Torquato, Vila Velha. “A comunidade precisa se unir e não admitir que seja implantado nada antes que opine e que o governo providencie uma escola espelho”, orientou. 
O parlamentar lembrou ainda que, nos últimos anos, principalmente durante o último mandato de Paulo Hartung, dobrou o número de alunos de 15 a 17 anos, faixa etária do ensino médio, fora da escola. E uma das principais causas do fenômeno, apontou, foi a forma arbitrária de instalação de escolas de tempo integral. “Porque vários desses alunos, não podendo frequentar o tempo integral, abandonaram as escolas. Isso aconteceu em vários municípios”. 
Hoje, denunciou Majeski, o Espírito Santo tem 100 mil jovens de 15 a 17 anos fora da escola, “sem nenhum planejamento para trazê-los de volta!”. Se a instalação de escolas de tempo integral for feita em 2021 de forma autoritária, a evasão tende a aumentar. “Daqui a pouco teremos 120 mil, 150, 200 mil. Nós temos que colocar os alunos na escola e não expulsá-los”, rogou.

Considerando a faixa etária entre 18 e 29 anos, o contingente pode passar de 200 mil, estima o parlamentar. E as causas envolvem a implantação de escolas de tempo integral de forma autoritária, além do fechamento de turmas de ensino médio, especialmente no turno noturno e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“De verdade, eu estou muito aborrecido e decepcionado com o governo com essa atitude. Porque eu pensei que isso tinha ficado pra trás. Lá em 2015, 2017, na época do governo Hartung, o quanto nós nos desgastamos com a implantação da Escola Viva de Muniz Freire, de Afonso Claudio, de Ecoporanga, da região da Grande Vitória! O quanto isso foi desgastante. E quando a gente acredita que vai ter no novo governo uma nova forma de fazer, um novo diálogo,  vê o pesadelo se repetindo”, lamentou.

O próprio Casagrande já criticou publicamente a forma de implantação das escolas vivas de Hartung, no início da última gestão do adversário, o que reforça o questionamento sobre repetir o erro agora, não somente em relação às escolas de tempo integral, mas também no tocante à gestão da educação de modo geral.

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