sexta-feira, outubro 11, 2024
23.3 C
Vitória
sexta-feira, outubro 11, 2024
sexta-feira, outubro 11, 2024

Leia Também:

Professores de escola alvo de ataque denunciam ‘abandono’ da Sedu

Em carta aberta, profissionais cobram ações do governo e listam reivindicações diante do atentado de 25 de novembro

Os professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Aracruz, norte do Estado, divulgaram nesta sexta-feira (16) uma carta aberta à gestão de Renato Casagrande (PSB) e à população capixaba. No documento, afirmam se sentir “abandonados como seres humanos” e listam uma série de reivindicações necessárias para garantir apoio à comunidade escolar diante dos ataques cometidos por um adolescente de 16 anos em 25 de novembro, que culminou em quatro mortes e 11 feridos.

Além da Primo Bitti, outra escola de Aracruz, de gestão privada, foi atacada, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC). Para os docentes da unidade estadual, o trabalho do Apoie, órgão da Secretaria Estadual de Educação (Sedu) que presta assistência psicológica, não é suficiente, pois faltaram ações por parte da pasta, como contato individualizado com a equipe de profissionais da escola; e orientação às empresas terceirizadas responsáveis pelas equipes de limpeza, merenda escolar e vigilância para assistência aos seus funcionários.

Os docentes afirmam que é preciso garantir o direito ao luto de todos profissionais da escola: trabalhadores terceirizados da limpeza, alimentação e vigilância, professores em designação temporária e efetivos, trabalhadores da secretaria, da educação especial e da gestão escolar.
Para isso, reivindicam que seja providenciada uma equipe externa, incluindo trabalhadores da limpeza e vigilância, para o fechamento do ano escolar e período de matrículas, “com seguridade financeira para todos os trabalhadores em luto, em especial para aqueles que estão em designação temporária e que estão tendo seus contratos cessados apesar da gravidade do momento”.
O grupo afirma ainda ser necessário providenciar uma equipe de apoio para o próximo ano escolar, que inclua trabalhadores para as vagas em aberto na secretaria, diretor adjunto, aumento da equipe de professores, coordenadores e pedagogos. “Assim como é necessário providenciar uma equipe de atendimento social e psicológico que atenda às demandas dos profissionais”, destacam.
Outra reivindicação é o apoio financeiro para as vítimas e famílias atingidas, garantindo o custeio de remédios, equipamentos, cuidadores e psicólogos, além de “indenização e aposentadoria dignas para os diretamente atingidos em exercício de sua função”.

A categoria termina a carta ressaltando também a importância de uma reforma na escola, “há tanto tempo adiada, que realize melhorias das condições físicas de segurança do prédio”.

Pesar e solidariedade
Os professores abrem a carta manifestando pesar e solidariedade às famílias das vítimas fatais do crime ocorrido no final de novembro, que culminou na morte das professoras Cybelle Passos,  45 anos; Flávia Amboss, 38 anos; e Maria da Penha Pereira, 48 anos; além da aluna Selena Sagrillo, de 12 anos. Também se solidarizam com as pessoas que ficaram feridas, inclusive, as três que ainda estão internadas, que são duas professoras e uma estudante.
Fórum Antifascista
O recém-criado Fórum Antifascista chegou a se reunir com o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e cobrou medidas de acompanhamento psicológico para as vítimas do atentado. A militante do Movimento Nacional de Direitos Humanos no Espírito Santo (MNDH-ES), Galdene dos Santos, afirmou, na ocasião, que, ao solicitar a reunião, foi reivindicada a presença do governador Renato Casagrande, que não compareceu. Por isso o secretário se comprometeu a articular a presença do gestor em um novo encontro com o grupo.
Galdene informou que, segundo Vitor de Angelo, foi feito um plano de ação para acompanhamento psicológico, mas não foi dado detalhes sobre como tem sido o processo de execução, o que foi questionado pelos integrantes do Fórum, que defendem a necessidade de especificar minimamente algumas questões, a exemplo de informações sobre metodologia e como está sendo a busca pelas pessoas atingidas.
O Fórum Antifascista é composto por organizações da sociedade civil, pessoas independentes e mandatos parlamentares. Tem como objetivo combater o nazifascismo no Espírito Santo. Apesar de a ideia de sua criação ter surgido após os ataques, não se trata de uma iniciativa que tem foco especificamente nesse crime, mas sim contra as ideias nazifascistas e o discurso de ódio que o motivaram.
O crime
Os ataques foram feitos primeiramente na EEEFM Primo Bitti, onde o atirador havia estudado até junho deste ano. Após arrombar o cadeado, ele invadiu a escola e acessou a sala dos professores. Em seguida, foi para o CEPC, onde efetuou mais disparos.
O processo em relação ao adolescente autor dos ataques foi concluído em sete de dezembro pelo juiz Felipe Leitão, da Vara da Infância e Juventude de Aracruz. O magistrado aplicou a medida socioeducativa de internação pelo prazo de até três anos. Caberá ao Juiz da 3ª Vara da Infância e da Juventude de Vitória, com base em pareceres técnicos da equipe do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), avaliar, a cada seis meses, a internação. Foi aplicada, ainda, uma medida protetiva de acompanhamento psiquiátrico durante o período de cumprimento da medida de internação.
O pai do adolescente, um tenente da Polícia Militar (PM), também é investigado pela Polícia Civil (PC), que averigua suas possíveis contribuições com o crime e quais as relações do adolescente de 16 anos com células nazistas e fascistas que se expandem pelo país. Um dos pontos da investigação é descobrir se o pai ensinou o filho a dirigir e atirar. Além disso, a Corregedoria da PM instaurou um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o tenente, que foi afastado das atividades operacionais e vai permanecer nas administrativas no decorrer do processo.
Após os ataques, circulou nas redes sociais uma postagem do Instagram do tenente na qual ele mostrou a capa do livro Minha Luta, de Adolph Hitler, em que o ditador nazista da Alemanha expõe suas ideias antissemitas e genocidas. O livro, ainda utilizado como referência por grupos neonazistas em todo mundo, é proibido em diversas localidades, por meio de lei municipal. Com a repercussão, ele deletou a publicação.


Fórum cobra do Governo do Estado apoio às vítimas de atentado em Aracruz

Medida foi reivindicada em reunião com o secretário de Educação, Vitor de Angelo. Sentença de adolescente apreendido é de três anos


https://www.seculodiario.com.br/educacao/forum-cobra-do-governo-do-estado-apoio-as-vitimas-de-atentado-em-aracruz

Mais Lidas