sexta-feira, outubro 11, 2024
23.3 C
Vitória
sexta-feira, outubro 11, 2024
sexta-feira, outubro 11, 2024

Leia Também:

Vitória, Vila Velha e Serra garantem escolas cívico-militares

Anúncio foi feito pela deputada Soraya Manato, após interlocução com o governo federal

A Grande Vitória terá mais escolas no modelo cívico-militar este ano. O anúncio foi feito nesta terça-feira (9) pela deputada federal Soraya Manato (PSL), em suas redes sociais, após interlocução com o governo federal. As novas unidades serão em Vila Velha, Vitória, Serra e Cariacica, por meio do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, gerido pelos ministérios da Educação e da Defesa.

O município administrado por Euclério Sampaio (DEM) já havia feito o anúncio oficial, em 18 de fevereiro, quando assinou a ordem de serviço para as obras no local onde será implementada a escola, no bairro Itanguá, em Cariacica. Viana inaugurou uma unidade com essa proposta ainda em 2020.

Apesar da expansão no Espírito Santo, o modelo não é unanimidade entre os profissionais da área. O coletivo de professores Educação pela Base acredita que as escolas cívico-militares são apontadas como solução por defenderem a disciplina, mas que a disciplina, em meio à educação, “não é um fim em si mesma”.

“Há outros fatores que contribuem para o processo educacional, não somente a disciplina. Tem que levar em consideração a formação de profissionais da educação, a valorização desses trabalhadores, o investimento em infraestrutura”, diz o integrante do coletivo, Antônio Barbosa.

Para ele, o modelo das novas escolas anunciadas pela deputada fere o que foi construído ao longo do tempo pela sociedade brasileira, como a gestão democrática. “Educação não é empresa, não é destacamento militar, não é ONG [Organização Não Governamental]. Tem sua maneira própria de gestão, tem que prezar pela livre manifestação de pensamento. O modelo militar, em sua essência, não permite o questionamento”, afirma

Antônio acredita que a expansão das escolas cívico-militares é um retrocesso. “Por mais que sejam cívico-militares, ou seja, que tenham os civis como professores e os militares como gestores, abrem caminhos para que outros postos sejam ocupados por militares. A educação tem que ser feita por profissionais da educação, não por militares, que não têm perfil para isso, nem formação”, defende.

Outra crítica do Educação pela Base se refere aos investimentos, que são mais altos em relação às demais escolas. “Quando uma escola dessa recebe investimento maior, está se criando uma falácia, atribuindo a qualidade dela ao fato de ser militar, e não ao investimento mais elevado em relação às escolas que não têm esse perfil”, acredita.

Antônio destaca, ainda, o fato de as escolas cívico-militares não tratarem a “raiz do problema” com os alunos. “Se o aluno é indisciplinado, e na escola não cabe a indisciplina, então ele precisa ser excluído. Temos que lembrar que as escolas cívico-militares normalmente são instaladas em áreas de vulnerabilidade social e que isso pode ter consequência no comportamento dos alunos. Esses colégios também não tratam da questão da diversidade, então, temas como bullying e racismo não serão debatidos”, prevê.


A programa, uma prioridade do presidente Bolsonaro, pretende implantar 216 escolas cívico-militares em todo o país, até 2023. A adesão pelos estados e municípios é voluntária, tendo como primeiro marco a implantação do projeto-piloto em 2020.


Escolas cívico-militares na Grande Vitória preocupam profissionais da educação

Viana inaugurou uma, Cariacica deu ordem de serviço, e Serra e Vitória já sinalizaram possibilidade de implantar o modelo


https://www.seculodiario.com.br/educacao/escolas-civicos-militares-sao-pautadas-no-autoritarismo

Mais Lidas