Domingo, 05 Mai 2024

Camponeses denunciam desmatamento ilegal em área ocupada em São Domingos do Norte

Camponeses do acampamento Tião Mauro, que ocupa a fazenda Córrego da Divisa, no município de São Domingos do Norte (norte do Estado), flagraram no último sábado (25) desmate ilegal de madeira nativa no local, de propriedade do latifundiário Jair Pizzeta. As suspeitas são de que as toras seriam vendidas a serrarias da região.



A secretaria de meio ambiente do município, o Ministério Público Estadual (MPES) e as polícias Federal e Ambiental foram acionadas. A PM Ambiental prometeu fazer uma vistoria no local nesta terça-feira (28). Os camponeses temem que, até lá, as provas da extração ilegal tenham sido "apagadas", já que o proprietário, dizem, tem grande poder de influência na região.



O flagrante aconteceu no mesmo dia em que as famílias voltaram a ocupar a região. Na ocasião, o frequente trânsito de carretas carregadas de madeira, que logo descobriram ser madeira extraída ilegalmente, chamou a atenção dos camponeses.



Há dois anos, as famílias haviam desocupado a fazenda sob a promessa do Incra de fazer um laudo de vistoria nas terras que comprovasse sua improdutividade. O acampamento Tião Mauro é ligado ao Movimento Mesa Farta.



A reocupação aconteceu porque há indícios de fraude no laudo de vistoria emitido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), uma das condições impostas pelos camponeses para a desocupação. Os camponeses alegam que as informações do documento não condizem com a realidade do local. Por isso, reivindicam que a instância estadual do Incra faça uma nova vistoria, dessa vez supervisionada por sua instância nacional, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.



Um requerimento assinado por Vera Lúcia da Silva Rocha, coordenadora do Movimento dos Camponeses de São Domingos do Norte; Claudiano Pimenta da Silva, coordenador do Acampamento Tião Mauro de São Domingos do Norte; e por Wagner Henrique Rosa, militante de Direitos Humanos do Estado, foi enviado ao Procurador-Geral da República, Jorge Munhós de Souza. Os signatários afirmam que o mesmo documento foi encaminhado ao Incra, ao Conselho Nacional de Justiça, ao Conselho Estadual de Direitos Humanos do Espírito Santo, ao Ministério Público Estadual em São Domingos do Norte, ao Ministério Público Federal em São Mateus e ao Tribunal de Justiça do Estado.



No documento, os camponeses solicitam que a Policia Federal e o Ministério Público Federal investiguem "as impunidades vergonhosas juntos com crimes cometidos pelo Senhor Jair Pizzeta contra os trabalhadores dos Acampamentos Tião Mauro, Irmã Dorothy e João Paulo II", vários dos quais, como afirmam os militantes de direitos humanos, foram ameaçados de morte e perderam suas terras em processos de agiotagem ligados ao latifundiário.

 

Também é requerida a interferência do Incra e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) caso seja estabelecido conflito agrário. Os camponeses também solicitam que o Ministério Público Estadual seja intimado para se manifestar, já que este tinha ciência das ameaças sofridas pelos trabalhadores, cujos processos foram arquivados.

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Domingo, 05 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/