Quinta, 02 Mai 2024

Dia do Índio é comemorado nas aldeias de Aracruz nesta sexta e sábado

Dia do Índio é comemorado nas aldeias de Aracruz nesta sexta e sábado
Os índios das aldeias de Aracruz, no norte do Estado, estão reunidos nesta sexta-feira (18) e sábado (19), em comemoração ao Dia Nacional do Índio. A programação conta com exposição e venda de artesanato indígena, culinária típica, danças e jogos nas sete aldeias do município. Os índios também aproveitam para debater questões indígenas que permanecem sem avanços.

 
Segundo o coordenador da Comissão dos Caciques Tupinikim e Guarani, José Sezenando, uma delas é a falta de uma unidade de atendimento à saúde indígena. O prefeito de Aracruz, Marcelo Coelho (PDT), e o governador Renato Casagrande foram convidados a participar do encontro, mas ainda não confirmaram presença. Por enquanto, os índios não pretendem fazer manifestos ou ações mais enérgicas.
 
A questão da educação indígena é outro tema lembrado durante o evento. A Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Caieiras Velhas será a primeira escola do Espírito Santo a ofertar o ensino médio em uma aldeia e terá a capacidade de atender até 500 alunos em três turnos, nas modalidades de ensino médio regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A previsão do início da construção da nova unidade é para o segundo semestre deste ano.
 
O currículo da escola, que por ser indígena e rural, possui métodos pedagógicos diferentes das escolas urbanas, será amplamente discutido com a comunidade composta pelas diversas aldeias atendidas pela unidade. Manter os adolescentes indígenas nas aldeias, tendo uma educação que respeita e reafirma sua cultura, é fundamental, como retrata Paulo Tupinikim, coordenador microrregional da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). De acordo com ele, os índios que atualmente precisam sair das aldeias para dar continuidade aos seus estudos são, muitas vezes, vítimas de preconceito e racismo.
 
Além disso, como detalha Paulo, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) já aprovou a abertura do curso de Educação Indígena , que aguarda parecer do Ministério da Educação (MEC), e a expectativa é de que o curso já seja aberto no vestibular de 2015. Esse curso é uma reivindicação antiga dos indíos, que já tramitava internamente na universidade desde junho do ano passado, depois de diversas recusas anteriores.



Durante as comemorações do Dia Nacional do Índio, será lembrado ainda do recente entrave com a Vale, que se recusa a pagar uma indenização equivalente à ocupação do território indígena por mais de 30 anos com sua ferrovia. Após a última reunião com a mineradora e o Ministério Público Federal (MPF), os índios concordaram em reduzir o valor inicialmente acordado entre as partes, de R$ 19 milhões para R$ 11 milhões. A Vale, no entanto, insiste em quantia muito menor, R$ 3,8 milhões, podendo chegar a R$ 5 milhões.  A expectativa é que a empresa concorde com a atual negociação e apresente a forma de pagamento em uma reunião do dia 21 de maio.
 
A Vale ainda quer cobrar dos índios um prejuízo de R$ 300 mil, que seria referente a danos nos trilhos da estrada de ferro, com a ocupação realizada por eles durante duas semanas, como forma de protesto contra a empresa, por protelar um acordo sobre a indenização e ainda desmarcar reuniões para discutir o assunto.
 
A indenização será utilizada pelos índios, legítimos donos das terras, para desenvolver projetos na área de agricultura familiar que garantam a subsistência de suas famílias. As aldeias indígenas de Aracruz enfrentam profundas dificuldades, devido aos impactos gerados pela Aracruz Celulose (Fibria), que explorou ilegalmente o território indígena durante décadas. Apesar das constantes reivindicações, também não recebem investimentos e apoio do poder público. 
 
Nacional
 
Em Dourados (MS), na abertura da 2ª Audiência da Comissão Nacional da Verdade, o pesquisador Marcelo Zelic apresentará o Relatório Figueiredo, fruto de investigação sobre violência contra indígenas no país durante a ditadura militar. Zelic encontrou o documento - que se julgava desaparecido em um incêndio - e suas descrições de torturas contra índios realizados com apoio do extinto Serviço de Proteção ao Índio. A 2ª Audiência da Comissão Nacional da Verdade vai tratar da violação de direitos indígenas entre 1946 e 1988 e será realizada de 24 a 26 de abril.
 
Nessa quinta-feira (17), índios Guarani das aldeias localizadas na Grande São Paulo lançaram a Campanha Resistência Guarani São Paulo, em frente ao Pateo do Collegio, na capital paulista. Desde essa quarta-feira (16), cerca de 50 indígenas ocupam o espaço interno do Museu Anchieta, no mesmo local, para cobrar do Ministério da Justiça a emissão das portarias declaratórias que garantem a demarcação das Terras Indígenas Tenondé Porã e Jaraguá, já reconhecidas pela Funai. Essas terras somam juntas cerca de 16.500 hectares a e, enquanto não são reconhecidas, os índios vivem confinados em áreas minúsculas e ainda sofrem ameaças de despejo.

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