Uma nova espécie de sapo foi descoberta no norte do Estado, habitando os remanescentes de Mata Atlântica e algumas plantações de coco entre o Rio Doce e o Rio Mucuri, no sul da Bahia. Os indivíduos possuem comprimento de cerca de 14 milímetros quando machos e 17,1 milímetros quando fêmeas. A nova espécie, descoberta por pesquisadores da Universidade de Richmond e da Universidade George Washington, ambas dos Estados Unidos, foi batizada Chiasmocleis quilombola, em referência às comunidades quilombolas que ainda se mantém no norte do Estado.
No artigo científico que registra a ocorrência da espécie, publicado na revista científica ZooKeys da última quinta-feira (24), os autores João Tonini, Maurício Forlani e Rafael de Sá registram que o nome da espécie é irrecusável, e retratam a referência às populações remanescentes de escravos fugidos entre os anos de 1530 e 1815, no período em que o Brasil era uma colônia portuguesa, e que até a atualidade mantêm sua cultura.
De acordo com o artigo, os indivíduos Chiasmocleis quilombola foram encontrados na Floresta Nacional do Rio Preto e no Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra; na Reserva Biológica (Rebio) Córrego do Veado, em Pinheiros; na Rebio de Sooretama, no município de mesmo nome, e em plantações de coco no povoado de Povoação, em Linhares.
O artigo registra, ainda, que muitas populações desta nova espécie foram anteriormente registradas como pertencentes às espécies Chiasmocleis lacrimae e Chiasmocleis capixaba. Essas duas espécies e a Chiasmocleis quilombola, apesar de serem do mesmo gênero, possuem grande diferença genética, como é possível conferir na pesquisa.
As espécies foram capturadas em armadilhas instaladas próximas a uma lagoa e a um brejo temporário, após fortes chuvas na Floresta Nacional do Rio Preto, em Conceição da Barra. A área tem 2,830 hectares e está entre cinco e 50 metros de altitude; possui um solo típico de áreas costeiras, em maioria arenoso; e registra remanescentes primários e secundários da Mata Atlântica.