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Pescadores protestam contra mortandade de peixes no Rio Santa Maria

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Um grupo de 50 pescadores de Vitória e Cariacica realizaram um protesto na manhã desta quarta-feira (28) contra a mortandade generalizada de peixes no Rio Santa Maria da Vitória e na baía de Vitória. Os trabalhadores fecharam parte da Rodovia do Contorno – quilômetro 283 da BR-101, em Cariacica –, nas proximidades da empresa RG Centro Logístico, que tem sido apontada como possível causadora de dano ambiental no rio.

O protesto teve início às 8h e seguiu até as 10h50. Em alguns momentos, houve interdição total da rodovia, e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) marcou presença no local. Alguns trabalhadores também atearam fogo em pneus e espalharam peixes mortos pela pista. Foram mostrados cartazes pedindo para que a água do rio passe por análise físico-química.

Pescadores de Cariacica e da região da Ilha das Caieiras já retiraram toneladas de peixes mortos do Rio Santa Maria e da baía de Vitória desde a quarta-feira passada (21). Outros animais silvestres, como cobras, e crustáceos de áreas de mangue, como caranguejos, também apareceram mortos.

Nesta quarta-feira, ainda são encontrados peixes mortos em grande quantidade. Um vídeo compartilhado por um pescador mostra a captura de um tucunaré, uma espécie rara, apelidada de “rei do rio”. “Nem vivo a gente consegue capturar, vem o veneno e mata”, diz o pescador.

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Os pescadores suspeitam da empresa RG Centro Logístico porque estaria fazendo um aterro com Revsol às margens do Rio Santa Maria, sendo que foi identificado o despejo de uma substância líquida no curso hídrico.

“Ao redor de onde a empresa fica, para baixo, é que estão aparecendo os peixes mortos. Quando o calcário começa a sair e se mistura com a água, fica uma nata branca e fedorenta, então tudo indica que é lá”, afirma Valquírio Sampaio Loureiro, pescador da Colônia de Pesca Z-5.

Temendo contaminação, os pescadores interromperam suas atividades, e os moradores da região também deixaram de comprar os peixes. “Pesco desde os cinco anos de idade. Hoje eu tenho 49 e nunca tinha visto uma coisa assim. Será que os dias de pescaria nunca mais vão voltar?”, desabafa o pescador Waldemar Nascimento de Andrade, da Ilha das Caieiras.

“Os peixes estão subindo o rio para desova e faltam dois meses para a piracema. Os grandes cardumes estão se aproximando. Se o veneno continuar, a mortandade vai ser maior”, alerta.

Cobrança para as autoridades

O biólogo marinho Anderson Batista, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), esteve na Ilha das Caieiras no início da semana para avaliar a situação. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele defende a realização de uma análise físico-química dos parâmetros da água, porque a situação identificada é anormal.

“As tainhas, por exemplo, podem viver em ambientes até tóxicos e não morrem dessa maneira. Então, a mortandade de peixes é muito alta, o que nos leva a crer que não é um processo natural que está acontecendo, é artificial, e pode ter correlação direta ou indireta com a mão do homem”, explica o biólogo no vídeo.

Mesmo assim, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) informou, em nota, nessa segunda-feira (26), que a equipe de plantão que vistoriou o local no domingo (25) não encontrou evidências recentes do problema relatado, “uma vez que os vídeos e imagens recebidos eram datados de quarta-feira (21)”. Outra equipe voltou ao local na segunda-feira, com apoio da Polícia Militar Ambiental.

Espécie rara, tucunaré é encontrado morto no Rio Santa Maria. Foto Leitor

A Organização Não Governamental (ONG) Juntos SOS ES Ambiental também denunciou a situação no domingo ao Iema, e recebeu a seguinte resposta via aplicativo de mensagens: “Estivemos no local denunciado parar verificar a situação, sendo que a empresa possui licença municipal. Estaremos verificando se essa situação está conforme/adequada”.

A ONG também encaminhou pedido de providências à secretária de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente de Cariacica, Luciana Tibério Gomes. Em contato com Século Diário, o presidente da Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi, citou ainda o fato de que o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Tarcisio Föeger, é o atual presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Santa Maria da Vitória, e precisa atuar efetivamente na questão.

Século Diário fez novos questionamentos sobre a situação da mortandade de peixes no Rio Santa Maria ao Iema e às prefeituras de Vitória e Cariacica, mas, até o fechamento desta matéria, não houve retorno. O jornal não conseguiu contato com a empresa RG Centro Logístico.

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