Sexta, 17 Mai 2024

Primeira microusina de biomassa é indicativo de viabilidade da produção camponesa

Primeira microusina de biomassa é indicativo de viabilidade da produção camponesa
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) inaugurou, nessa sexta-feira (27), a primeira microusina de biomassa do Estado, localizada na comunidade de São José, entre os municípios de Águia Branca e São Gabriel da Palha (noroeste do Estado). A microusina era um projeto antigo dos camponeses e vinha sendo discutida desde o ano de 2009. Ela recebeu o nome de São José, mesmo nome do rio que margeia suas instalações. Na ocasião, também foram inauguradas 133 moradias camponesas nos municípios de Itaguaçu, Vila Valério e São Gabriel da Palha (também no noroeste capixaba).
 
A microusina é uma conquista de extrema importância para os camponeses, uma vez que, a partir de sua estrutura, é possível provar que o campesinato é capaz de produzir alimentos e energia sem riscos ao meio ambiente, o que já é um princípio dos pequenos produtores ligados ao MPA. Ao promover o consórcio de plantios diversificados para a geração de energia e os cultivos de subsistência, como milho, feijão e legumes, a microusina quebra a lógica dos monocultivos e promove a produção do pequeno agricultor, incentivando o cultivo agroecológico, diverso, que respeita os limites ambientais; e agregando valor à produção camponesa. Como lembra o movimento, "o debate da autonomia e da soberania que avançou muito nos últimos períodos  nos campos genéticos, territoriais e alimentares, agora prepara passos firmes no campo energético".
 
A microusina terá uma demanda de 1,5 mil toneladas de cana-de-açúcar por ano, com capacidade produtiva de 63 mil litros de cachaça, 27 mil litros de álcool combustível, 16,2 quilos de melado, 18 mil quilos de açúcar mascavo e 9,6 mil quilos de rapadura, além da possibilidade de beneficiamento da mandioca, batata-doce e sorgo, gerando uma série de subprodutos como ração animal e adubos para a lavoura. As famílias ligadas ao MPA, sobretudo aquelas que estão em um raio de 10 quilômetros da micro usina, reduzirão seus custos de atravessadores, garantido viabilidade e logística para que os produtos sejam diretamente comercializados em mercados regionais. 
 
Já as 133 moradias, que vão atender à mesma quantidade de famílias, foram entregues em uma parceria entre o Plano Nacional de Habitação Rural (PNHR) e o Instituto de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Idurb), do governo do Estado. Muitos dos futuros moradores que, nessa sexta, receberam as chaves de suas casas. realizaram mutirões e participaram da construção de suas próprias moradias. O pré-requisito para que o agricultor fosse contemplado era de que fossem assentados, cadastrados no Programa Nacional de Reforma Agrária, com renda bruta anual de até R$ 15 mil, e que comprovassem enquadramento no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). 
 
Até meados do ano de 2002, não havia em solo brasileiro nenhuma política de apoio à construção de moradias no campo. Esses programas de subsídio nasceram a partir da luta do MPA que, no Estado, foi responsável pela construção de cerca de duas mil moradias nas comunidades ligadas ao movimento, a partir de recursos federais e estaduais. Para o MPA, a construção e entrega das moradias camponesas promovem a dignidade das famílias, melhoram o convívio comunitário e, por conta disso, incentivam os pequenos produtores a continuarem morando e produzindo no campo.
 
A senadora Ana Rita (PT), que esteve presente na inauguração, apontou que essas ações são fundamentais para que a família camponesa permaneça no campo com dignidade, e lembrou que a conquista foi resultado de muita ousadia, em termos de debate e protagonismo social, por parte do movimento. O superintendente da Caixa Econômica Federal na região norte do Estado, Antonio Carlos Ferreira, considerou que o MPA é um grande exemplo na luta e na aplicação dos programas de habitação, sendo um exemplo para o mesmo modelo de programa em ambiente urbano. Também estiveram presentes na solenidade o vice-governador Givaldo Vieira (PT), o secretário de estado de Agricultura, Ênio Bergoli, a deputada federal Iriny Lopes (PT) e o deputado estadual Genivaldo Lievore (PT).

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