Terça, 30 Abril 2024

Valdinei Tavares quer levar caso de espionagem aos organismos internacionais

Apontado pela Vale como o líder da ocupação em Bicanga, na Serra, o coordenador estadual do Movimento Nacional por Moradia e vice-presidente da ONG Amigos da Barra do Riacho, Valdinei Tavares, reagiu com indignação ao que chamou de “sistema de arapongagem” da empresa. Ainda sem acesso ao dossiê revelado pelo ex-gerente da mineradora André Almeida, ele afirma que irá reunir as informações do documento e consultar advogados  sobre as providências a tomar. “É necessário alertar aos organismos internacionais para que o mundo inteiro saiba como é tratada a democracia no país”.
 
 Valdinei interpreta a prática de espionagem da Vale como uma tentativa clara de inibir a única voz que questiona os grandes projetos no Estado, que são os movimentos sociais. “É um absurdo um aparato empresarial ser maior até do que o aparato do Estado, e violar o nosso direito de privacidade. É a imposição da ditadura militar pelo capital privado”, ressaltou.
 
Ele nega ter liderado o movimento e que apenas passou na ocupação, como coordenador estadual do Movimento Nacional por Moradia, e lá não permaneceu. Da mesma maneira, desconhece a identidade de Erick Tavares - também apontado no relatório como líder da ocupação - e informa ser filiado ao PT desde 1999. “Essa é a inteligência da Vale?”. 
 
O militante dos movimentos sociais destaca ainda o foco macro da empresa em relação aos movimentos sociais, já que ele tem atuação no norte do Estado e Gustavo De Biase na Grande Vitória. A impressão, segundo Valdinei, é que a empresa realiza um mapeamento geográfico das áreas potenciais a conflitos sociais e ambientais, para identificar as ações de resistência e aniquilá-las. 
 
Morador de Aracruz, sede da Aracruz Celulose (Fibria), outro grande empreendimento que resulta em graves impactos sociais e ambientais e onde estão extensas plantações de eucalipto da empresa, Valdinei teme por sua segurança e de sua família.
 
O coordenador estadual do Movimento Nacional por Moradia e vice-presidente da ONG Amigos da Barra do Riacho alerta também sobre a vulnerabilidade das redes sociais, importante mecanismo para a luta em favor dos direitos humanos e da sustentabilidade. 
 
Além da espionagem da Vale, ele aponta o monitoramento das redes pelo governo do Estado, referindo-se ao ato publicado no Diário Oficial do no último dia 29, que aditiva um contrato de comodato firmado com a empresa Digítro Tecnologia Ltda de uma ferramenta de monitoramento das redes sociais. A empresa já fornece o sistema Guardião, responsável pelas interceptações telefônicas.
 
“Não temos mais o direito de se comunicar, de exercer o livre direito de expressão. Os poderes público e privado invadem a vida alheia, sem pedir licença”, completou. 

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