Domingo, 05 Mai 2024

Coser, Malta e Vidigal atraem a atenção da classe política e dos candidatos ao governo

Coser, Malta e Vidigal atraem a atenção da classe política e dos candidatos ao governo
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
 
Tanto quanto os candidatos ao governo, três lideranças partidárias do Estado têm chamado a atenção da classe política e levam definições para os palanques que escolherem. Papo de Repórter analisa a importância de Sérgio Vidigal (PDT), João Coser (PT) e Magno Malta (PR) para o jogo eleitoral de 2014 no Espírito Santo. 
 
Nerter – Este período pré-eleitoral está cercado de incertezas e a principal delas ronda o silêncio do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) sobre sua candidatura ao governo do Estado. Na verdade a única certeza até agora é que o governador Renato Casagrande (PSB) vai disputar a reeleição, mas contra quem? Ou melhor, contra quantos? Mas há outros personagens nesse jogo político que também têm papéis importantes a desempenhar no tabuleiro eleitoral do Estado. Os movimentos dos chamados coadjuvantes também são acompanhados com interesse pela classe política. 
 
Renata – Tirando essa dúvida sobre os nomes realmente cotados para a disputa, sobretudo em relação ao ex-governador Paulo Hartung - que até agora não assumiu pré-candidatura coisa alguma –, a pergunta que mais se ouve é: Magno Malta (PR) vai ser candidato a presidente ou a governador? Essa pergunta é tão difícil de responder quanto a de quem vai ganhar a eleição deste ano: Renato Casagrande ou Paulo Hartung. Magno faz movimentos que confundem a classe política e acho que essa é a intenção dele mesmo. 
 
Nerter – Pois é. Ele insiste em misturar a candidatura a presidente da República, mesmo com a negativa do PR nacional, mas garante que o partido vai ter candidato ao governo. Veja bem, que o partido vai ter candidato ao governo, não diz que ele pode disputar. Mas se não for ele, vai ser quem? Vai sacrificar o candidato ao Senado, o delegado Fabiano Contarato? O PR está esvaziado desde que seus quadros de maior destaque deixaram o partido no ano passado, aliás, deixaram o partido porque não concordavam com os movimentos do senador, que naquele momento articulava a candidatura ao governo. Depois que as lideranças saíram, Malta começou a falar em Presidência. De qualquer forma, ele tem uma boa fatia do eleitorado, sem falar que Hartung corre de uma disputa com ele. 
 
Renata – Daí a tentativa de outro grande coadjuvante dessa história, o ex-prefeito da Serra, Sérgio Vidigal de tentar levar Malta para o palanque de Hartung. Isso chega a ser uma heresia política, mas como Malta é imprevisível e em se tratando de Hartung tudo é possível, por que não?
 
Nerter – Vidigal já escolheu seu lado, não é? Mas o caminho de Vidigal é o mais previsível. Ele pensa na Serra, pensa em 2016 e, evidentemente, pensa em criar condições de enfrentar, novamente Audifax Barcelos nas urnas. Como o prefeito da Serra é o do PSB e ele tem esse projeto de voltar à prefeitura, não vai para o palanque de Casagrande. Como só há, até aqui, dois palanques, o jeito é ficar com o PMDB. Vidigal tem como missão no Estado garantir uma chapa forte de deputado federal, mas o PDT deste ano é diferente do PDT de 2010, que elegeu três deputados federais. Este ano ele é o grande chamariz da chapa proporcional. Então, essa movimentação para conquistar espaços na chapa proporcional vai exigir um exercício de convencimento, porque o que o PDT oferece não é Sérgio Vidigal para a vice.
 
Renata – O PT parece o mais perdido em toda essa história e tem mais imagem do que peso político, mesmo assim, é um importante aliado nessa medição de forças entre os candidatos ao governo. Casagrande ofereceu bastante espaço e uma boa composição proporcional. O PT caiu no canto da sereia que veio do palanque de Hartung. O grupo do ex-prefeito de Vitória, João Coser ficou aceso quando soube que Hartung estava na iminência de entrar na disputa. Desdenhou o palanque de Casagrande e estreitou relações com Hartung. E agora está isolado, nem de um lado nem de outro. Com a esnobada do PT, Casagrande declarou apoio ao Eduardo Campos, fechando a porta para os petistas. Era o fim da neutralidade prometida por Casagrande para manter o PT na base do governo. Hartung insinuou que estaria com o grupo petista, mas passou a flertar com os tucanos, o que inviabiliza a aliança com o PT. Agora tem essa história de conversa com Lula, mas está difícil acreditar que Hartung vá mesmo puxar o palanque de Dilma Rousseff no Estado. O que ele queria era tirar o PT do palanque de Casagrande, ao que tudo indica, conseguiu. Agora Hartung blefa com o PT nacional para tentar atrair também o PSDB. Coser, desesperado, depois do encontro com os petistas no sábado (25), retoma o projeto de aliança com o PSB, mas agora pode ser muito tarde. O PT perdeu o bonde. A senadora Ana Rita que desde o princípio defendia a manutenção da aliança com Casagrande, disse que o "vacilo" do PT foi um erro estratégico. Agora só resta aos petistas se agarrarem na remotíssima volta à base de Casagrande.
 
Nerter – Aí se fala na escolha que ele teria de fazer entre PT ou PSDB e DEM. As nacionais falam da impossibilidade de alianças, mas no Estado, a política de grupo acima da política partidária pode dar um jeito nesses problemas. Essa lenga-lenga na verdade não garante nada. É preciso saber como ficarão as coisas na nacional e como será a definição das principais lideranças do jogo político. Muita gente está se unido em torno dos palanques, mas nada está fechado ainda. É claro que há aqueles que sabemos já definiram suas posições, como o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS) e o senador Ricardo Ferraço (PMDB), assim como o prefeito de Vila Velha pelo palanque de Paulo Hartung. Mas o resto é um jogo de empurra-empurra, que só deve se definir mais próximo das eleições. 
 
Renata – A aparente vantagem de Casagrande atrai as lideranças para seu palanque. Ele causou impacto com as declarações de apoio dos prefeitos, partidos e vereadores. Mas isso foi um movimento inicial, as denúncias contra o ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga (PV), neste momento político, acendeu o sinal de alerta na classe política. Com a maioria nas mãos do Tribunal de Contas, a influência do ex-governador na corte de contas, onde grande parte de prefeitos e ex-prefeitos têm processos, pode causar um impacto na hora das escolhas de palanque.
 
Nerter – Isso é muito importante, mesmo que não use esse mecanismo, isso assusta, até porque o ex-governador, apelidado de “imperador” durante seu governo, trabalhava com a classe política na rédea curta, embaixo da bota. Neste sentido, a incerteza sobre o êxito do governador Renato Casagrande na eleição tem feito com que as lideranças coloquem as barbas de molho. E isso pode mudar o resultado da eleição.
 
Renata – Antes que alguém venha com essa ideia de que estamos contando que a eleição está definida sem ouvir o eleitor primeiro. Eleitor, principalmente no interior, segue indutor de votos, que são ditados pelos prefeitos, ex-prefeitos e vereadores. E se Hartung tiver essas lideranças na mão ficaria bem mais fácil para equilibrar o jogo. 
 
Nerter – Se a eleição fosse hoje, Hartung teria uma vantagem interessante na eleição, o que deve estar tirando o sono de muitas lideranças que estão no palanque de Casagrande e que repetem o mantra de que ele vai ser reeleito. 

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Segunda, 06 Mai 2024

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