Sexta, 17 Mai 2024

Protesto contra impunidade esbarra com manifestação pró-Ferraço na Assembleia

Protesto contra impunidade esbarra com manifestação pró-Ferraço na Assembleia

A manifestação do Fórum Estadual em Defesa do Interesse Público (Fedip), realizada nesta sexta-feira (1º), teve lances inusitados como o encontro de dois protestos: um a favor e outro contra a reeleição do deputado Theodorico Ferraço (DEM) à presidência da Assembleia Legislativa. No mesmo momento em que as entidades civis do Estado faziam o “último apelo” aos deputados para que votassem contra o demista, os representantes do Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) defendiam a eleição do parlamentar.  



O inusitado encontro aconteceu após a realização do ato em frente à sede do Ministério Público Estadual (MPES). Depois da “lavagem” da fachada do órgão ministerial, os manifestantes seguiram em passeata até a sede do Legislativo.  Com o auxílio de um trio elétrico, os integrantes do fórum entoavam palavras de ordem contra a eleição de Ferraço – o apontado como o Renan Calheiros capixaba (senador eleito para a presidência da Casa também nesta sexta) – e contra uma possível ingerência do governador junto à Polícia Civil contra as investigações da Operação Derrama.



Depois da caminhada de cerca de dez minutos pelas principais vias da Enseada do Suá, o protesto das entidades do movimento social se deparou com outro trio elétrico – contratado pelo Sindilegis em apoio à reeleição de Ferraço. Desde as primeiras horas da tarde desta sexta, o movimento dos servidores do Legislativo repetia exaustivamente à música “Eu sou o cara”, de Roberto Carlos – famoso conterrâneo do presidente da Assembleia.  



Por volta das 14 horas, os dois protestos se “encontraram”, criando uma cena inusitada com o revezamento de falas a favor e contra o parlamentar. O presidente do Sindilegis, Leandro Machado, criticou a falta de adesão do Fórum ao movimento para o pagamento do 11,98% aos servidores da Casa – principal bandeira de Ferraço e que se tornou uma espécie de escudo contra qualquer crítica interna.  



“Sempre participamos das ações do Fórum, mas hoje estamos do outro lado. Os servidores da Assembleia apoiam a reeleição de Ferraço, que significa o fortalecimento desta Casa. Todos têm direito à manifestação, mas não recebemos o mesmo apoio de vocês [neste caso, se dirigindo às lideranças do Fedip]. Apoiamos a aprovação dos planos de cargos e salários para várias categorias no final do ano passado, mas os servidores da Assembleia não tiveram nada”, desabafou.  



Um dos integrantes do fórum, o coordenador-geral do Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários-ES), Carlos Pereira de Araújo, o Carlão, se manifestou a favor do pleito dos servidores da Casa, no entanto, foi contra a ideia de que a reeleição de Ferraço seria a única solução para o impasse que já leva mais de dez anos. “O fórum apoia a pauta dos servidores da Assembleia, estamos na mesma luta. Mas sobre contra a reeleição de Ferraço, que  responde a 30 processos na Justiça, além do indiciamento na Derrama”, relembrou.  



O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos), Gerson Correia de Jesus, também defendeu o respeito entre os dois movimentos: “Não viemos para brigar com o Sindilegis. Viemos pedir que os deputados respeitem o Regimento Interno da Casa e as constituições estadual e Federal e não votem em Theodorico Ferraço”, ponderou.



Pouco antes do início da sessão no plenário da Assembleia, os servidores da Assembleia compareceram em peso nas galerias da Casa para apoiar o demista, enquanto os integrantes do Comando de Caça aos Corruptos faziam a “lavagem” simbólica das escadarias do palácio Domingos Martins, sede do Legislativo. No entanto, após a encenação, uma parte dos integrantes do Fedip denunciou que foram impedidos de entrar nas dependências da Assembleia.  



Um dos manifestantes contra Ferraço que acabaram impedidos de entrar foi o presidente do Diretório Municipal do PSOL em Vitória, Gustavo de Biase. Na rede social Facebook, o ex-candidato à prefeitura da Capital afirmou que os seguranças da Casa impediram os manifestantes de acompanharem a sessão nas galerias da Casa, sob alegação de que era proibido. Ele resumiu o episódio como “mais um dia triste na história do Espírito Santo”.

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