Revolução, não!
Na sessão dessa segunda-feira (2), uma das falas que mais chamou a atenção foi a do deputado José Esmeraldo (PMDB), ao dizer que a Casa havia dado seu “Grito do Ipiranga”. Nos meios políticos a impressão, porém, é completamente outra. Não dá para dizer que a derrubada de um veto sobre uma matéria que não afeta em nada o equilíbrio do Executivo é um ato de rebeldia.
Na pauta dessa segunda-feira estava nada menos que a peça orçamentária do Estado, que trata da destinação dos R$ 15,5 bilhões a serem utilizados pelo governo para custeio da máquina e investimentos em 2014. Se os deputados quisessem mesmo mostrar rebeldia contra o governo, essa era a matéria a ser atacada.
As ações do plenário foram vistas pelos observadores mais como uma forma de tentar capitalizar com a ação envolvendo a emenda do deputado Euclério Sampaio (PDT), para a construção de um hospital em Cariacica, do que para irritar o governador.
Em um passado distante, uma movimentação da Assembleia poderia paralisar o governo, colocá-lo como refém do legislativo. Bastaria mexer na peça orçamentária, mudar as rubricas de lugar, obstruir a votação, deixando a matéria para a próxima semana ou par a o último dia antes do recesso. Isso sim causaria uma dor de cabeça sem precedentes no governador Renato Casagrande.
Mas a Assembleia, reforça a imagem de poder desgastado ao fazer investidas dessa forma. Desde o início da década de 2000 com o enfraquecimento dos partidos no Estado e a ascensão de uma política de unanimidade, a capacidade de pressão da Assembleia foi perdida, com a eliminação da oposição e a satanização dos parlamentares em desalinho com a política do Executivo.
Mesmo com o afrouxamento dessa relação com a eleição de Casagrande, a prática adotada pela Assembleia de negociação por barganha com o Executivo prevalece, fazendo com que os deputados tenham que buscar formas de capitalizar sem se desalinhar com o governo.
A pressão é pelo atendimento do Palácio Anchieta, buscando visibilidade nas bases para a construção de suas candidaturas à reeleição. Rebeldia que deve ser dirimida quando o governador começar a colocar os parlamentares em seu palanque no próximo ano.
Fragmentos:
1 – A deputada federal Rita Camata (PSDB) tem dificuldades em entrar em uma eleição tão acirrada como a do Senado. Ainda há ecos da disputa em 2014, quando ela e o novato Professor Renato (então candidato do PSol) emparelharam votação também para o Senado.
2 – Por outro lado, há quem lamente a saída da deputada federal das disputas eleitorais. Rita Camata é considerada uma das melhores parlamentares que o Estado já teve. Poderia qualificar a bancada tucana na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa.
3 – Já o coronel Sérgio Aurich e o discurso da segurança poderiam ajudar fortalecer a até agora tímida candidatura de Guerino Balestrassi ao governo e cimentar o palanque de Aécio Neves a presidente no Espírito Santo.
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