Sexta, 03 Mai 2024

Variáveis causam incertezas no tabuleiro eleitoral de 2014

Variáveis causam incertezas no tabuleiro eleitoral de 2014

Nerter Samora e Renata Oliveira





A cada semana um novo episódio deixa ainda mais indefinido o cenário eleitoral do próximo ano. O Papo de Repórter analisa essas movimentações.



Nerter – Estamos a cerca de um ano e cinco meses da eleição, mas a cada semana parece que um novo episódio joga mais lenha nesta fogueira que já foi acessa com muita antecedência. Esta semana foi marcada pela consolidação da fusão entre PPS e PMN e pela barreira criada na Câmara dos Deputados para o surgimento de novos partidos, o que atinge em cheio a Rede, da presidenciável Marina Silva, que passou pelo Estado nessa semana. Isso em nível nacional, no Estado, as discussões pelo comando do PT e a tentativa de desestimular a possível candidatura do senador Magno Malta (PR) esquentaram o clima político. Tudo isso aumenta as variáveis e complica nossa função de tentar analisar o complexo cenário eleitoral de 2014, não é?



Renata – E como complica. Uma coisa é certa. Se há uma semelhança entre o que está acontecendo em nível nacional e no Estado é a tentativa da presidente Dilma Rousseff, lá, e do governador Renato Casagrande, aqui de limpar seus campos políticos, pavimentando suas reeleições em um sistema de coalizão que minimize ao máximo o embate eleitoral. No caso de Dilma a aprovação do projeto na Câmara tira uma pedra enorme de seu sapato, chamada Marina Silva. Com a fragilidade da candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG), a ex-ministra que conta com um capital político de 20 milhões de votos ficará sem tempo de TV e sem fundo partidário para sua nova legenda. Sem querer entrar no mérito do casuísmo da proposta contra a falta de compromisso partidário, no Estado isso jogou Guerino Balestrassi para o ninho tucano. Como Luiz Paulo e Max Filho tem mais ambição pela Assembleia, ele pode ajudar Cesar Colnago a reforçar a chapa de deputado federal sem correr o risco de sacrificar duas lideranças, ainda mais com a diminuição de uma vaga.



Nerter – Outro episódio que movimentou a semana foi a fusão do PPS com o PMN, que em nível nacional pode dividir a oposição, erguendo um palanque para o ex-governador paulista José Serra, caso ele deixe o PSDB. No Estado, pode reforçar o capital do prefeito da Capital, Luciano Rezende (PPS), isso se ele conseguir se manter à frente da Mobilização Democrática (MD), nome do novo partido. Mas esse não é o único problema. Luciano, que já havia sinalizado apoio ao palanque do governador Renato Casagrande, agora terá a conjuntura nacional para observar antes de se posicionar localmente. Até porque o projeto do partido é fortalecer sua bancada federal e evidentemente o embate com a presidente Dilma Rousseff.



Renata – De outro lado está o imbróglio do PT sobre seu posicionamento no Estado. O “já ganhou do ex-prefeito de Vitória João Coser” sobre o Processo de Eleição Direta (PED) não é cantado em coro dentro do partido e até mesmo os prefeitos de Colatina e Cachoeiro, respectivamente, Leonardo Deptulski e Carlos Casteglioni, que eram considerados os grandes apoiadores de Coser, hoje não têm essa vontade toda de permanecer no palanque do governador Renato Casagrande. Aliado a isso, há também um movimento interno que não vê vantagem na manutenção da vice-governadoria com uma liderança da estatura de Coser, em troca de uma incerteza sobre o apoio do governador à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff e essa sim é a prioridade do partido para 2014. Como a disputa presidencial está prevista para ser bem diferente da de 2010, acirrando-se muito, estados como o Espírito Santo podem se tornar primordiais. Se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mantiver a disposição de disputar a eleição para  presidente, será muito difícil para Casagrande manter o PT em seu palanque, ainda mais com que tem a oferecer.



Nerter – A composição do cenário presidencial será um dos principais problemas do governador Renato Casagrande para resolver. Dependendo dos palanques nacionais, ele dificilmente vai conseguir manter a enorme base que compôs seu palanque em 2010. E não estamos falando apenas do palanque de Eduardo Campos. Muitos nomes estão surgindo e todo mundo espera conseguir um espaço, pulverizando a disputa nacional e buscando erguer nos estados palanques de sustentação.



Renata – Um bom exemplo disso é Guerino Balestrassi. O mais novo integrante do PSDB, que é presidente do Bandes, está no governo, assim como o também tucano Luiz Paulo vellozo Lucas. Mas o PSDB e a Rede – se conseguir ser oficializada – têm candidatos a presidente da República, por isso, não cabem no palanque de Casagrande. Dilma é candidata à reeleição e o PT nacional pode forçar o local a pular fora do palanque do governador Renato Casagrande. Lembrando que o PT está casado com o PMDB. No cenário estadual, o PR tem também influencia o PSC e, apesar das declarações de Sérgio Vidigal de que vai respeitar a decisão partidária, a derrota para o socialista Audifax Barcelos pode jogar o PDT no palanque do republicano, quando o momento certo chegar.



Nerter – Outro fator que vai mudar completamente o cenário político do  próximo ano são as mudanças nas regras para proporcional. O corte de três vagas na Assembleia e uma na Câmara dos Deputados ainda vai dar muita discussão no campo judicial e nada garante que os estados que tiveram vagas cortadas vão conseguir reverter a situação até outubro do próximo ano. Por isso, a acomodação que já estava complicada virou um Deus nos acuda. Até porque não se trata apenas das lideranças que hoje estão nos mandatos. Há ainda as lideranças que vêm das Câmaras de Vereadores e dos nomes fortes que estão hoje fora do jogo, mas forçam a porta da Assembleia.



Renata – Mais uma vez, a saturação do palanque de Casagrande complica a vida dessas lideranças. As movimentações nacionais e locais devem trazer muitas novidades até o início do processo eleitoral no ano que vem. Quem conseguir trilhar até lá pode se beneficiar ocupando o espaço certo na hora certa. O problema vai ser para quem se precipitar. Neste momento, o certo é observar e só mexer uma peça quando tiver certeza da casa que quer ocupar.

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 04 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/