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‘Não é momento de qualquer ator social pressionar pela retomada ampla de atividades’

Velocidade de transmissão continua muito elevada, salienta secretário de Saúde. 386 mil já se infectaram no ES

Tati Beling/Ales

Os dados do inquérito sorológico estimam que 9,6% da população capixaba já teve contato com o novo coronavírus, o que corresponde a 386 mil pessoas, sendo 352 mil na Grande Vitória (11,5% da população da região) e 227 mil (4,4%) no interior. Os dados referem-se à quarta etapa do inquérito sorológico, cujos resultados foram apresentados neste sábado (17) pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e o gerente de Vigilância em Saúde da Sesa, Orlei Amaral Cardoso.

A velocidade de transmissão continua mais alta no interior, tendo havido crescimento de 39% na região, em relação aos números da terceira etapa do inquérito. Na Grande Vitória, o crescimento foi de 27% e foi de 31% na média estadual. 

A velocidade tem diminuído em todas as regiões, mas continua muito elevada. O Índice de Transmissão (Rt) está em 1,3 na média estadual, em 1,2 na Grande Vitória e em 1,7 no interior do Estado. “Isso não pode ser traduzido como redução da doença, ela ainda está acelerada, mas com velocidade um pouco menor. Não representa o fim da doença e muito menos o fim da pandemia”, sublinhou Nésio Fernandes, acrescentando que os dados são referentes ao “comportamento da transmissão na população exposta”, excluindo-se, portanto, os 44% que se mantiveram em isolamento durante mais 60 dias, não considerando, igualmente, a drástica redução do isolamento social observada nos últimos dez dias.

Perigo no ar

“Ainda não sabemos quais a consequências da redução do isolamento social dos últimos dez dias. Não sabemos como a doença está se comportamento agora e como se comportará nas próximas semanas”, alertou. “O que ocorrerá quando toda essa população que se protegeu reservada em suas casas em mais de 60 dias, quando voltar a circular, voltar a ter interação social?”, indagou.

“Não é o momento de tomar medidas de flexibilização de um conjunto grande de atividades sociais e econômicas. Ainda possuímos uma quantidade muto grande de indivíduos infectados e de óbitos que exigem cautela nas decisões de governo e de responsabilidade das instituições com o distanciamento social e medidas capazes de frear o crescimento da doença e rompera cadeia de transmissão”, enfatizou.

“Na minha opinião, a fase crítica já passou”, disse, ressalvando, no entanto, que “não é momento de estabelecer pressão de qualquer ator social pela retomada de atividades de maneira mais ampla. Há ainda uma quantidade muito grande de paciente ativos na Grande Vitória, são mais de mil casos por dia sendo informados”, salientou.

Mulheres, pretos e pardos

Outros dados ressaltados pelo secretário Nesio e gerente Orlei referem-se à maior contaminação das mulheres, visto que o gênero feminino corresponde a 62,4% das amostras do último inquérito sorológico, mas totalizaram 66,3% dos casos positivos.

As pessoas pretas foram 14,2% das amostras e 18,3% dos positivos. As pardas, 45,4% e 47,5%, respectivamente. 

As pessoas da faixa etária entre 21 e 40 foram 30% das amostras e 32,5% dos testes positivos. A faixa entre 41 e 60 anos, corresponde a 35,1% e 36,9%, respectivamente.

Sobre o maior nível de instrução entre os moradores das residências pesquisadas, o ensino médio totalizou 41,1% das amostras e 49,5% dos positivos, mostrando maior contaminação nesse público, em contraste com o ensino superior completo, que teve 25,2% das amostras, mas apenas 17,4% dos testes positivos.

Sintomas e comorbidades

Trinta por cento das pessoas que testaram positivo no inquérito afirmaram não ter sentido qualquer sintoma e 35,4% apresentaram quatro sintomas ou mais. Os demais 35% se dividiram entre quem teve um, dois ou três sintomas.

O sintoma mais frequente relatado foi a falta de olfato (anosmia), presente em 41,7%; seguido de tosse (35,9%); fadiga (32,1%); mialgia (31,6%); febre (26,9%); dor de garganta (22,4%); dispneia (21,2%); diarreia (19,7%); outros (19,3%); dor abdominal (14,5%); taquicardia (12,1%); e vômitos (8,3%).

A hipertensão arterial é a comorbidade mais comum, seguida de obesidade, diabetes, asma, cardiopatias, problemas renais e neoplasias.

Apenas 36% dos contaminados procuraram serviço de saúde.


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