Domingo, 28 Abril 2024

‘Oposição ao piso da Enfermagem mostra o quanto o Brasil é sexista e racista’

enfermagem_leonardo_sa-9210 Leonardo Sá

O senador Fabiano Contarato (PT) compareceu à concentração do ato contra a suspensão do piso da Enfermagem, nesta sexta-feira (9), na praça Costa Pereira, Centro de Vitória. O parlamentar, autor da Lei 14.434/2022, que estabelece o piso, destacou que a categoria é composta por cerca de 2,7 milhões de trabalhadores em todo Brasil, sendo 85% deles mulheres e 53% pretos e pardos. "Oposição ao piso da Enfermagem mostra o quanto o Brasil é sexista e racista", disse o senador.

Leonardo Sá

Contarato afirma que, em conversa com o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que decidiu pela suspensão do piso nesse domingo (4), reforçou que a Lei 14.434/2022 é constitucional. "A Enfermagem tem que continuar se mobilizando, indo para a rua. A Enfermagem tem vez e voz, tem valor. Vamos conseguir reverter a decisão. O plenário vai reconhecer aquilo que é lei, pois é lei o piso da Enfermagem", exaltou.

Com um cartaz escrito "de heróis a palhaços", a enfermeira Laurrane Martins recordou a dedicação da categoria durante a pandemia da Covid-19. "Fomos nós que lidamos com os pacientes com Covid-19, uma doença nova que não se sabia ainda muito bem como fazer, como proceder. Estávamos na linha de frente, não deixamos de trabalhar. Tivemos óbitos em meio à categoria, em meio à nossa família, mas não arredamos o pé", disse.
Leonardo Sá

Após a concentração, os trabalhadores seguiram rumo ao Palácio Anchieta, interrompendo as vias da Avenida Jerônimo Monteiro. Ao chegar na sede do governo, embora a Polícia Militar (PM) dissesse para não passarem para a outra pista, os manifestantes também fecharam as vias da Avenida Getúlio Vargas. Alguns motoqueiros tentaram passar e até deram pequenas arrancadas com a moto para tentar intimidar, mas a barreira humana feita pela categoria se manteve no mesmo lugar.

Leonardo Sá

As vias das duas avenidas foram liberadas em alguns momentos para circulação dos veículos a pedido do Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros), embora os trabalhadores tivessem relutado em alguns momentos. O ato foi realizado nesta sexta porque é a data em que teve início o julgamento da decisão liminar do ministro Barroso, que vai até o próximo dia 16 de setembro.

A Enfermagem já havia feito um protesto nessa segunda-feira (5), quando a categoria paralisou a Terceira Ponte tanto no sentido Vitória quanto no sentido Vila Velha. A manifestação desta sexta-feira foi deliberada pelo Fórum da Enfermagem no último domingo (4), sendo ratificado em reunião da Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE) nessa segunda. "O Centro de Vitória é histórico e não deixa de ser um centro político. O Palácio Anchieta é a sede do governo. Diante da luta pelo piso, o governo do Estado não pode fazer igual Pôncio Pilatos e lavar as mãos", ressalta a presidente do sindicato representativo, o Sindienfermeiros-ES, Valeska Fernandes.
Leonardo Sá

A dirigente sindical destaca que um dos argumentos do STF para a suspensão do piso foi a possibilidade de impacto financeiro no Estado e nos municípios. "O Estado e os municípios não podem se omitir. Além disso, mais de 50% dos hospitais do Espírito Santo são gerenciados por OS [Organização Social] ou fundação. Os trabalhadores são celetistas, começariam a receber o piso agora, e prestam assistência à população por meio do Sistema Único de Saúde [SUS]. O Estado tem que se colocar nessa discussão", defende.

Além do ato, outra iniciativa deliberada na reunião da FNE foi o ingresso no STF com pedido de amicus curiae, para que a categoria possa ser ouvida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7222, movida pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), que questionou a constitucionalidade da Lei 14.434/2022, que estabelece o piso. A FNE informou em suas redes sociais que o pedido foi concedido pelo STF nessa terça-feira (6).

Otimismo

A suspensão do piso foi abordada na sessão dessa terça-feira (6) na Assembleia Legislativa. Na ocasião, Valeska rebateu os argumentos da rede privada de saúde, de que terá que dispensar funcionário caso pague o piso salarial da categoria. Durante a sessão, foi deliberado que a Casa irá elaborar uma nota de repúdio à suspensão do piso e enviar para o STF.

Valeska afirmou que, na Enfermagem, "o bom profissional não fica sem emprego, uma porta se fecha aqui e outra abre ali", uma vez que a principal clientela dos profissionais são os pacientes e o adoecimento vem aumentando. Portanto, ameaça de demissão "não é impedimento para encarar o patrão e dizer: eu mereço o piso". A dirigente sindical destacou que a suspensão do piso se deu "às vésperas de gozar de um salário digno".

Ela apontou ainda que, embora a suspensão tenha sido uma surpresa para a categoria, é perceptível que para o empresariado da saúde, não foi, pois já diziam que não pagariam o piso, porque seria suspenso. Entretanto, Valeska demonstra otimismo. "A suspensão do STF vai cair, esse povo vai para a rua, se mobilizar, não tem medo de demissões", exaltou. Após a sessão, os trabalhadores fizeram uma manifestação na frente da Assembleia.

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Comentários: 4

fabio julio medina em Sábado, 10 Setembro 2022 15:55

Cantarato nos representa, sei que há um ponto financeiro para solucionar, mas acredito com mobilização de toda a sociedade... vai derrubar a liminar.

Cantarato nos representa, sei que há um ponto financeiro para solucionar, mas acredito com mobilização de toda a sociedade... vai derrubar a liminar.
Walter em Domingo, 11 Setembro 2022 10:41

Já que ele te representa, fala pra ele parar de hipocrisia e lutar pra barrar o aumento do judiciário. Me engana vai. Este NÃO me representa. Vergonha capixaba em Brasília

Já que ele te representa, fala pra ele parar de hipocrisia e lutar pra barrar o aumento do judiciário. Me engana vai. Este NÃO me representa. Vergonha capixaba em Brasília
Agmarcarioca amigo do mito em Domingo, 11 Setembro 2022 17:39

O piso e justo,mas so deu para a enfermagem,faltou forças armadas,pm,policia civil,medicos,gary,pedreiro,aposentados,comerciarios etc

O piso e justo,mas so deu para a enfermagem,faltou forças armadas,pm,policia civil,medicos,gary,pedreiro,aposentados,comerciarios etc
Carlos em Segunda, 12 Setembro 2022 19:58

Até agora quem barrou o piso dessa Nobilíssima Categoria, foi o STF. O PR sancionou, mas alguns ministros da corte derrubaram(leia-se, esquerda dentro do supremo). E exatamente, concordo com um comentário acima , o senador sequer contestou o “auto reajuste” do judiciário.

Até agora quem barrou o piso dessa Nobilíssima Categoria, foi o STF. O PR sancionou, mas alguns ministros da corte derrubaram(leia-se, esquerda dentro do supremo). E exatamente, concordo com um comentário acima , o senador sequer contestou o “auto reajuste” do judiciário.
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