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Porque pessoas vacinadas devem usar máscara, em especial trabalhadores da saúde

Imunizantes exigem tempos diferentes para que comece a produção de anticorpos

Tânia Rêgo/ABr

Um paciente chega à unidade básica de saúde para fazer o teste de antígeno de detecção de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e é atendido por um enfermeiro sem máscara na sala de coleta de sangue. Questionando, o profissional alega que já foi vacinado e que a máscara embaça os óculos, o que dificulta o trabalho de acertar a veia do paciente. 

O caso é relatado por um leitor indignado e mostra uma situação extrema de uma realidade ainda perigosamente comum no Estado e no Brasil: o relaxamento no uso de máscaras por pessoas vacinadas contra a Covid-19.

A professora-doutora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e epidemiologista Ethel Maciel ressalta que o momento não é de relaxar com as medidas de proteção, mesmo após a vacinação. “Muitas pessoas ainda não estão vacinadas e o vírus está circulando muito rápido, a transmissão está muito elevada. Mesmo após a vacinação, é preciso continuar com todos os cuidados”, ressalta.


A orientação é especialmente dedicada aos profissionais de saúde, que trabalham em ambientes com alto risco de infecção. Esses, ressalta a epidemiologista, “precisam manter a utilização de mascaras PFF2, precisam manter todas as medidas de prevenção, porque em geral sua família ainda não foi vacinada”.
É preciso lembrar, salienta Ethel Maciel, que as vacinas possuem eficácias diferentes: 50% da CoronaVac e 70% da AstraZeneca. “Isso significa que metade das pessoas vacinadas pela CoronaVac e 30% das vacinadas pela AstraZeneca ainda vão se infectar. Se você não toma os cuidados nesse momento e que tem muito vírus circulando, você se coloca em risco de infecção”, adverte.
Os períodos mínimos exigidos para que o sistema imunológico comece a produzir anticorpos também são diferentes para cada vacina. Com a CoronaVac, é somente quinze dias após a segunda dose que o corpo começa a produzir suas defesas contra o vírus. Com a AstraZeneca, isso ocorre cerca de 20 a 22 dias após a primeira dose.
“Então mesmo aqueles que tomaram vacina precisam se proteger, com todas as medidas, principalmente usando máscaras que fazem filtragem. E os idosos, a mesma coisa: os que já tomaram vacina precisam se proteger”, pede a especialista.

Para além dessas especificidades de cada imunizante, é preciso respeitar o momento atual, de muita transmissão do vírus. “A gente precisa de mais de 70% das pessoas vacinadas para que possa começar a relaxar. Enquanto isso, não dá, é preciso manter todas as medidas de proteção”, pede Ethel Maciel.

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