Terça, 07 Mai 2024

Professora de 38 anos é a quarta vítima fatal do ataque às escolas

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Arquivo MAB

A tragédia ocorrida em Coqueiral de Aracruz, norte do Estado, fez a quarta vítima fatal neste sábado (26), com o falecimento da professora Flávia Amboss Merçom, de 38 anos. Ela havia passado por cirurgia e estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra. Seu quadro teve agravamento neste sábado, chegando a óbito no início da tarde, conforme informou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). 

As três primeiras mortes ocorreram nos locais dos crimes, sem chance de atendimento médico para as vítimas: as também professoras Maria Penha Pereira de Melo Banhos e Cybelle Passos Pereira Lara, de 48 e 45 anos, respectivamente, e a estudante Selena Sagrillo, de 12 anos. 

Outras cinco pessoas seguem internadas, quatro delas em estado grave, incluindo duas crianças, de 11 e 14 anos. Também no Dr. Jayme, estão duas mulheres, de 52 e 45 anos, que passaram por cirurgias e estão na UTI, em estado grave. 

No Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), antigo "São Lucas", uma mulher de 58 anos passou por cirurgia e o estado de saúde é estável.

No Hospital Estadual Nossa Senhora da Glória, o "Infantil de Vitória", o menino de 11 anos passou por cirurgia e segue em estado grave; e outra criança, do sexo feminino e 14 anos, passou por cirurgia, segue intubada e em estado grave. Ambas estão em UTI.

Nota de pesar

Flávia Amboss Merçom era professora da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, a primeira atacada nessa sexta-feira (25), ao lado da escola privada Centro Educacional da Praia de Coqueiral (CEPC), também no bairro Coqueiral de Aracruz. 

A professora era também militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que publicou nota de pesar pela morte da ativista. Horas antes, havia publicado uma nota de solidariedade a todas as vítimas, onde manifestou também repúdio pelos crimes e cobrou justiça. 

"Cobramos que o Estado tome todas as providências necessárias e adote a mais rigorosa apuração dos fatos e a responsabilização do agressor. Nossa tarefa histórica nesse momento é derrotar o fascismo e esta onda de violência que toma conta de nosso país, reconstruindo valores democráticos e laços solidários", afirma na nota, assinada pela coordenação nacional do MAB. 

Passeatas 

Ao menos duas passeatas estão agendadas para a noite deste sábado, em Aracruz, em protesto à violência dos crimes, praticados por um adolescente de 16 anos, ex-aluno de uma das escolas atingidas. 

Uma passeata está prevista para o bairro da tragédia, com saída às 18h da Escola Primo Bitti e a outra no centro da cidade, saindo da praça da Igreja matriz, no mesmo horário. 

Apreensão 

O autor dos atentados foi apreendido pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PCES, MPES e PRF/ES) horas depois dos crimes, em uma das residências de sua família no município, e já se encontra no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), em Cariacica. O nome dele não pode ser relevado, por se tratar de menor de idade.

Na instituição, ele "responderá por ato infracional análogo aos crimes de 10 tentativas de homicídio qualificada por motivo fútil, que gerou perigoso comum e com impossibilidade de defesa da vítima e, três homicídios qualificados por motivo fútil, que gerou perigo comum e com impossibilidade de defesa da vítima", segundo informou a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). 

O adolescente passará também por atendimento psiquiátrico, medida que, segundo a família, ele já vinha recebendo, apesar de não constar essa informação na ficha do aluno na antiga escola, Primo Bitti. 

Em depoimento às polícias no momento de sua apreensão, ele confessou os crimes e disse que os estava planejando há dois anos. Para atacar professores e alunos nas duas escolas do bairro onde mora, ele usou duas armas de uso de seu pai, que é policial militar: uma pistola semiautomática ponto 40, de propriedade do Estado e da PMES, e um revólver calibre 38, de propriedade particular. O carro usado na movimentação entre as escolas atingidas e na fuga para casa, um Renault Duster dourado, também era do pai. 

Às polícias ele mostrou outros objetos relacionados aos crimes, incluindo uma suástica nazista, pregada na roupa camuflada com que ele executou o atentado. A Polícia Civil investiga se ele participa de algum grupo de simpatizantes do nazifascismo. 

Hélio Filho/Governo ES

Cultura de paz

Em coletiva na manhã deste sábado, no velório das primeiras vítimas, o governador Renato Casagrande (PSB) ressaltou a "necessidade de controlar o acesso às armas" no país e uma grande vigilância de toda a sociedade em relação à cultura de violência disseminada entre os jovens nesse momento de tamanha polaridade e discursos de ódio.

"Ver que um adolescente de 16 anos planejou esse ataque, aprendeu a manejar armas, isso nos faz refletir sobre a cultura da violência, que está infelizmente nos corações e nas almas de uma parcela da sociedade. A polarização que nós temos hoje, a intolerância, o incentivo à violência, os sites de violência, a internet, que alguns grupos se especializam em incentivar a violência. Isso tudo nos remete à reflexão sobre a cultura da violência e a necessidade de cultivar a paz. Ao mesmo tempo, a facilidade de acesso a armas! Mesmo quem é policial, dentro de casa, tomar cuidado onde coloca essas armas. Temos que tomar cuidado na educação dos nossos filhos, dos nossos netos, nossas direções de escolas...todos nós temos que ter um cuidado extremo", disse.

Governador ressalta 'necessidade de controlar o acesso às armas'

Polícia investiga vínculo do atirador com algum grupo nazista ou fascista. Cinco vítimas seguem internadas em estado grave
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Autor dos ataques a duas escolas em Aracruz é preso

Crime cometidos no Centro Educacional Praia de Coqueiral e na escola estadual Primo Bitti deixaram três pessoas mortas e pelo menos nove feridos
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