Sexta, 19 Abril 2024

Celebração Ecumênica reivindica políticas públicas para o Morro da Capixaba

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A Associação de Moradores do Centro (Amacentro) e a Irmandade do Rosário realizarão, neste domingo (18), uma celebração ecumênica na quadra do Morro da Capixaba. A atividade, que começará às 9h, contará ainda com um café da manhã partilhado e tem como objetivo registrar a necessidade da cultura de paz e do cumprimento do papel do Estado, com a garantia de políticas públicas como segurança, saneamento e coleta de lixo.

O presidente da Amacentro, Lino Feletti, 
destaca que a iniciativa é aberta para todos moradores e entidades da região do Centro. A celebração foi idealizada após a morte de um homem no Morro da Capixaba, no último domingo (11), durante um tiroteio ocorrido no momento em que várias pessoas estavam na rua, em uma festa julina. Na ocasião, um outro homem ficou gravemente ferido e foi levado ao hospital. A violência teve início quando homens encapuzados subiram o morro armados e iniciaram um confronto com traficantes da região.

A realização da celebração e do café da manhã partilhado foi decidida em uma reunião realizada nessa terça-feira (13), da qual também participou a secretária municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Neuza de Oliveira, a Neuzinha. Segundo Lino, foi solicitada à gestora uma visita técnica da prefeitura ao Morro da Capixaba em 25 de julho, para que a comunidade possa mostrar sua realidade e fazer reivindicações. O líder comunitário informa que a associação aguarda resposta da secretária à solicitação.

A Amacentro, juntamente com a Associação de Moradores do Parque Moscoso (Ampar), a Associação dos Barraqueiros da Praça do Palmito da Vila Rubim e o Colegiado das Associações de Moradores da Regional 1 (Regional do Centro) Vitória, chegou a divulgar uma nota para se posicionar diante do ocorrido no Morro da Capixaba. As entidades afirmam lamentar a violência urbana, "que revela as atividades fim, como é o caso de homicídio e barulho de tiros que encerram o domingo".

A conselheira de segurança da regional I e diretora de Segurança da Comissão de Cultura de Paz da Amacentro, Rozilene de Sá, explica que no mundo corporativo, o termo atividade fim é utilizado para designar o produto final. Portanto, afirma, os moradores não querem ser tratados como produto final da ausência de políticas públicas. Por meio da nota as entidades reivindicam a presença do poder público na região e salientam que os serviços, "quando sobem o morro, levam tempo para serem efetivados".

Rozilene destaca que "as partes altas do Centro devem ser mais bem tratadas". Para ela, a chamada cidade alta não se resume ao Centro histórico, por isso, a líder comunitária utiliza o termo cidades altas, que, conforme explica, abrange também os morros da Fonte Grande, Santa Clara, Moscoso, Piedade e Capixaba. "As cidades altas devem ter o mesmo tratamento do Centro histórico", defende.

Rozilene aponta algumas das consequências da violência na região. Uma delas é a impossibilidade de garantia do direito de ir e vir das pessoas, pois muitas temem sair de casa. Outro impacto negativo é no comércio, já que muitos deixam de fazer suas compras no Centro em decorrência da criminalidade. Rozilene relata que, diante da falta de políticas públicas, os moradores do Morro da Capixaba buscam alternativas para melhorar sua qualidade de vida. Uma das ações feitas coletivamente foi a construção de uma rua para que possam acessar com mais facilidade seu local de moradia.

Morro da Piedade
Manifestação no Morro da Piedade. Foto: Vanessa Darmani

Em 2020 também foi realizada uma celebração no Morro da Piedade para reivindicar políticas públicas. Ela foi feita após o assassinato de Fabrício dos Santos Almeida, 18 anos, ao ser alvejado por balas de revólver atiradas a esmo, ninguém sabe por quem, em 11 de junho. O assassinato foi o nono em dois anos na região.

Território do Bem

Manifestação no Bairro Bonfim. Foto: Divulgação

No Território do Bem, também em Vitória, em 24 de junho, no bairro Bonfim, uma ação policial culminou na morte do adolescente Danilo Cândido de Jesus, de 16 anos, e deixou outro jovem baleado na perna. Em um vídeo que circulou na ocasião nas redes sociais, uma mulher que se identifica como tia do rapaz assassinado relata que os policiais estavam em um beco, de onde atiraram no jovem, que se encontrava no quintal de casa.

Crislayne Zeferina, integrante do Coletivo Beco, entidade da sociedade civil que atua na região, afirma que, após ser baleado, Danilo foi levado para a rua, pois a família queria ajuda para socorrê-lo, o que foi negado pelos policiais. O socorro, relata, veio somente depois de muita insistência, mas sem que nenhum integrante da família pudesse acompanhar o rapaz na viatura rumo ao Hospital São Lucas, onde veio a óbito. Os moradores do Bonfim realizaram um protesto a caminho do enterro do jovem assassinado. 

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