Sábado, 18 Mai 2024

Vila Velha aumenta produção de lixo e reduz serviço de limpeza urbana

Vila Velha aumenta produção de lixo e reduz serviço de limpeza urbana
 
Após observar o retrospecto dos números da limpeza urbana de Vila Velha, se chega à conclusão que a greve dos garis é legal. A categoria cruzou os braços às vésperas do Carnaval e suspendeu a paralisação nessa quinta-feira (19). Os trabalhadores aceitaram o acordo proposto pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), e se comprometeram a manter os serviços de limpeza até a próxima segunda-feira (23), quando acontece uma nova audiência de conciliação no TRT. A categoria exige o fim das demissões e a reintegração de 200 trabalhadores demitidos no início do mês. Caso as negociações não avancem, os garis ameaçam parar novamente.
 
As demissões são resultados dos cortes que o prefeito Rodney Miranda (DEM) vem fazendo em toda a administração municipal. No pacote de cortes, a exemplo do que vem ocorrendo no governo do Estado, Rodney decidiu reduzir os valores dos contratos das duas empresas que prestam serviço para o município: Corpus Saneamento e Obras Ltda e Vital Engenharia Ambiental S/A.
 
Os trabalhadores recorrem aos números para mostrar à população que o pleito da categoria é justo. A diminuição do quadro, que já está defasado, comprometeria a qualidade dos serviços de limpeza em Vila Velha.
 
Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), os 414 mil habitantes de Vila Velha produziam cerca de 340 toneladas de lixo/dia. O que representa uma média per capita diária de 820 gramas/habitante. 
 
De acordo com a estimativa de 2014 do IBGE, a população do município subiu para 465 mil habitantes. A produção de lixo, consequentemente, saltou para cerca de 450 toneladas/dia – uma média de 960 gramas/habitante (a média nacional é de 1kg por pessoa).
 
Em termos de lixo gerado, de 2010 para 2014, houve um aumento de mais de 32%, mas o número de trabalhadores vem caindo na proporção inversa. A secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Pública (Sindilimpe-ES) , Ivani dos Santos Reis, recorda que em 1998, quando começou a trabalhar com limpeza urbana em Vila Velha, a cidade contava com cerca de dois mil trabalhadores. “Lembro que durante o governo de Max Filho [2001 – 2008] a média de trabalhadores também se manteve nesse patamar”. 
 
No governo de Neucimar Fraga (2009 – 2012), houve queda no número de trabalhadores, mas a coleta de lixo não chegou a ser comprometida. Os problemas começaram a se agravar em 2013, na gestão do prefeito Rodney Miranda. 
 
Ivani afirma que no começo dos contratos com as empresas Vital e Corpus, o município contava com cerca de 900 trabalhadores responsáveis pela execução dos serviços de coleta, varrição, capina, pintura e jardinagem. Ao longo do governo Rodney, porém, esse número foi caindo. 
 
A sindicalista conta que antes da onda de demissões, no início deste ano, havia cerca de 700 trabalhadores em atividade. “Já foram demitidos 200 e sabemos que as empresas estão com 115 comunicados de aviso prévio prontos. Eles só estavam esperando o pessoal retornar ao trabalho para entregá-los”, alerta Ivani. 
 
Se as demissões forem confirmadas, o número de trabalhadores para cuidar de 450 toneladas de lixo/dia, não passaria de 400. Em média, cada trabalhador teria que dar conta diariamente de mais de mil quilos de lixo. 
 
Segundo Ivani, os representantes da Corpus e Vital justificam que as demissões foram necessárias para adequar a realidade das empresas aos novos valores dos contratos. “A Prefeitura de Vila Velha fez um corte no valor dos contratos de 12 a 15%. As empresas repassaram os cortes para a folha de pagamento, demitindo os funcionários. Quem sai perdendo é a população, que fica com o serviço de coleta comprometido e exposta a várias doenças que são transmitidas pelo acumulo de lixo”, adverte a sindicalista, que acrescenta. "Já estava difícil de manter a qualidade do serviço antes das demissões. Com as demissões, fica impossível manter toda a cidade limpa", afirma.
 
Para ilustrar que o efetivo da limpeza de Vila Velha está aquém da realidade, Ivani cita os dados de Vitória. "Na Capital, são 728 garis e coletores, mais 221 jardineiros, além de 38 supervisores de campo. Um total de 987 trabalhadores". Com um detalhe, Vila Velha tem o dobro da área de Vitória e cerca de 110 mil habitantes a mais. 

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