Domingo, 12 Mai 2024

O Grande Encontro

Sigo hoje a trilha do meu amigo Alvaro Abreu, que dedicou uma crônica sua em A Gazeta às reminiscências da Praia do Canto, motivado pelo encontro dos ???Amigos da Praia do Canto??? que ocorreu dia 23 de maio último na Curva da Jurema .
 
Na sua bela crônica, Alvaro começa dizendo, com propriedade: ???Desconheço morador da antiga Praia do Canto que não guarde ótimas lembranças da juventude vivida nas suas ruas largas e calmas, nas casas de amigos, nas praias, nos clubes e nos seus poucos bares???. E termina registrando as emoções despertadas em todos que foram ao Encontro: ???ambiente festivo, repleto de alegria fundamentada. Quem lá não foi, não pode sentir as emoções de se saber lembrado por tanta gente??? (???A nossa Praia do Canto???, A Gazeta, 29/05/2015).
 
Pois é. Muita gente esteve por lá. O Encontro foi batizado como ???Amigos da Praia do Canto???, que é como todo mundo se refere hoje ao bairro, mas teve gente das antigas Praia de Santa Helena, Praia Comprida e Praia do Canto, na época frutos da expansão da cidade de Vitória para o chamado ???Novo Arrabalde???, a zona norte da cidade. Todo mundo de uma só tribo. Tanto os que, como eu e muitos outros, nasceram no bairro, quanto os que foram chegando no final dos anos 40 e depois nos anos 50,60 e 70, principalmente, do século passado.
 
Alvaro mesmo chegou em 1958, por exemplo. Era exímio nadador. Treinava e competia muito na piscina do Praia Tênis Clube, juntamente com Xirú, outro exímio nadador. Anos depois, quando Vitor Buaiz foi prefeito de Vitória, tive o privilégio de participar, com Alvaro e Roberto Simões, da formulação e implantação do chamado FACITEC (Fundo de Apoio à Ciência e à Tecnologia de Vitória), que está lá até hoje. As ideias do Alvaro estão nesta boa ideia que frutificou e que agora vai até gerar o Parque Tecnológico de Vitória - outra boa ideia, nestes tempos de inovação.
 
Mariza Guimarães fomentou e organizou o Encontro. Ela conseguiu, em tempos de redes sociais, reunir amigos fraternos e colegas próximos para celebrar a vida e... a Praia do Canto. Pairou afeto no ar. Um burburinho de gente se reencontrando , se abraçando e se comunicando pelos filmes passados repentinamente nas memórias daqueles bons tempos. Plácidas emoções. Fortes interações e sinergias. Coisas da Vitória antiga, antes do boom demográfico dos anos 70. Na época em que, como já disse aqui neste espaço, Fernando Camargo sabia todos, absolutamente todos, os números das placas dos automóveis que circulavam pela Ilha... e pela Praia do Canto, claro.
 
Mobilidade urbana? Ninguém ouvia falar disso... Poluição? Onde? Pó preto... só muito depois. Lembranças dos melhores sentimentos humanos. Dos sentimentos de lealdade, repeito, confiança, amizade, ternura. O que foi muito bom, neste século XXI de tempos fraturados e de conflitos intermináveis. Através dos muitos abraços e das muitas gargalhadas, lembrei-me outra vez, em flashes, de muita gente.
 
De Marien Calixte, que sacou que ???Viver é Ver Vitória???. De Carmélia M. de Souza, que espalhava que ???Esta Ilha é uma delícia???. De Ronaldo Nascimento, que falava em ???encaixotar sereno??? nas madrugadas do Buteko, lá no Saldanha da Gama. De Milson, que escreveu a genial peça ???Vitória, de setembro a Setembrino???. E de Nogueirinha, que dirigia e humanizava o Praia Tênis Clube - lugar que frequentei quase que diariamente dos oito aos quinze anos de idade. Eu morava na Desembargador Santos Neves, no 1273, onde hoje é o Edifício Cyro Medeiros. Mesma rua do Praia. Ia a pé, em busca das peladas intermináveis e dos mergulhos na piscina. Todo mundo que estava no Encontro dos amigos da Praia do Canto foi frequentador do Praia Tênis Clube. E muita gente começou lá, no Praia, o namoro que resultou em casamentos que duram até hoje. Luiza e Ronaldo, por exemplo.
 
Andarilho do mundo e da vida, matei saudades da Praia Comprida, da Praia do Canto e da Praia de Santa Helena. Tudo hoje chamado simplesmente Praia do Canto. E lembrei-me também dos amigos da Praia do Suá. Todos da mesma tribo. Quando me perguntam, aqui, ali acolá, de onde sou, de uns tempos para cá costumo responder: ???da Praia do Canto???... Lugar de um milhão de amigos. Que nos faz, inclusive, deixar para trás os desafetos criados nos embates da vida e da política.
 
?? bom ter raízes, apesar das andanças e mudanças. E apesar da ???Teoria do Caranguejo???, que atrapalha um pouco a convivência na Ilha depois do ???boom??? dos chamados Grande Projetos nos anos 80 do século passado e do caldeirão assim formado pela urbanização acelerada. Por isto, penso mesmo que vou continuar andando pelo mundo e pela vida, mas sempre voltando às raízes para recarregar as baterias. Para ver e rever sempre que possível a nossa tribo.
 
Nós, da geração de Aquarius, que amamos os Beatles e os Rolling Stones e deixamos para trás os anos de chumbo. Nós, da Vitória antiga e do ???novo arrabalde???, hoje simplesmente Praia do Canto. Estávamos lá, no Encontro organizado pela Mariza. Foi legal. Pena que acabou. Mas ainda bem que a Mariza prometeu organizar outro. Teve até um cadastro de participantes, que serviu como abaixo assinado pela organização de outro Encontro dos amigos da Praia do Canto...

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