Liberação de ‘testes represados’ indica que saúde do ES pode colapsar em poucos dias
Os 802 casos confirmados nessa quarta-feira (21) foram mais do que o maior recorde registrado até o momento na pandemia provocada pelo novo coronavírus no Espírito Santo. Mostraram que o sistema de saúde capixaba pode colapsar em poucos dias, caso medidas mais firmes de distanciamento social não sejam tomadas.
Publicados à noite no Painel Covid-19, os dados começaram a ser melhor analisados nesta quinta-feira (21) pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que subsidia tecnicamente a Sala de Situação de Emergência em Saúde do governo do Estado, formado por especialistas da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), Corpo de Bombeiro da Militar (CBMES), Laboratório de Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que o coordena.Mais vulneráveis
Os especialistas, explica Fabiano, têm elaborado semanalmente, nas últimas três semanas, projeções que preveem três cenários, classificados de acordo com o possível número de pessoas contaminadas até o final de maio: um mais ameno, um mediano e outro mais grave.
Como houve uma redução do número diário de testes positivos entre os dias seis e 14 de maio, a curva de contaminação passou a subir mais devagar, levando a equipe a ler a projeção de um cenário mais ameno da pandemia na segunda quinzena de maio. Com a liberação dos testes represados, no entanto, a curva voltou a subir mais abruptamente, aproximando o Estado, novamente, do cenário mais grave projetado.
Com isso, fica claro que a flexibilização das atividades sociais e econômicas já implementadas e em planejamento – governo do Estado estuda reabrir academias de ginástica e já promoveu reabertura alternada do comércio de rua – é exatamente o que não pode ser feito. "Precisa agora dar um passo atrás", recomenda Fabiano. "Temos que dar um passo atrás nessa flexibilização", reforça Etereldes.
Pacto social
Ethel acredita ser necessário formar um grande pacto social, em que lideranças comunitárias, religiosas e outras lideranças locais, nos bairros, se dediquem a organizar, junto à população, formas de reduzir ao máximo a interação entre as pessoas. "Precisamos romper a cadeia de transmissão", afirma.
O Núcleo e toda a Sala de Situação está se dedicando a encontrar medidas que possam colaborar nesse grande pacto, que devem ser anunciadas entre sexta-feira (22) e sábado (23) pelo governo do Estado.
"Estamos estudantdo estratégias adotadas em vários lugares do mundo, como referência", conta, citando Israel, que adota um sistema alternado em que fecham as atividades por dez dias e reabrem outros quatro.
"Esse pode ser o novo normal", concorda Etereldes. "Depois de todo esse esforço nos primeiros 40 dias, conseguimos reduzir a velocidade de transmissão e chegar a uma prevalência de 2%", lembra, comparando a situação de outros estados, como o Amazonas, em que 11% da população já se contaminou, muito rapidamente, levando ao colapso do sistema de saúde. "Mas por outro lado, há muita gente ainda suscetível à doença", alerta.
Painel Covid
O Painel Covid desta quinta-feira (21) informa a confirmação de mais 383 casos e 17 óbitos, totalizando 8.878 pessoas testadas positivamente e 363 mortes pela doença.
A estimativa da primeira fase do Inquérito Sorológico, divulgada nessa segunda-feira (18), é de que pouco mais de 80 mil pessoas já tenham entrado em contato com o novo coronavírus, cerca de 2,1% da população.
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