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Cadê o Rodney?

Como não podia ser diferente, a catástrofe causada pelas chuvas de dezembro passado em Vila Velha, roubou as atenções do “I Seminário Chuvas no Espírito Santo: compreensão, prevenção e enfrentamento”, que começou nessa terça-feira (13) no plenário da Assembleia Legislativa, em Vitória, e termina na quinta (15). O palestrante da noite, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Canedo, disse que estudou detalhadamente o caso do município canela-verde com seus alunos. 
 
Canedo sugeriu que o poder público capixaba construa piscinões para armazenar as águas das chuvas, evitando que as residências e comércios de Vila Velha sofram com as enchentes. 
 
O sistema já é adotado há anos em cidades com dificuldade de escoamento, caso de São Paulo. O piscinão funciona como um grande ralo. No caso de Vila Velha, a água que costuma ficar represada durante dias nas ruas, principalmente quando a maré está alta, seria drenada para o reservatório. Assim que a chuva perdesse a intensidade, a água acumulada é seria jogada no mar. 
 
A discussão sobre o problema das enchentes é muito oportuna. Ela serve para manter aceso o sinal de alerta de que o perigo não passou. Para quem já se esqueceu, a tragédia das chuvas de dezembro de 2013 deixou 54 dos 78 municípios capixabas debaixo d'água – 45 decretaram estado de calamidade ou situação de emergência. Mais de 60 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas e outras 24 perderam suas vidas. 
 
Além das perdas humanas, os danos materiais podem ter ultrapassado a casa do meio bilhão de reais, segundo contas preliminares do governo. Para se ter uma dimensão dos estragos causados pelas chuvas, cinco meses depois da tragédia, muitos municípios continuam empenhados no trabalho de reconstrução e milhares de pessoas ainda tentam refazer suas vidas.
 
Não precisaria Canedo sair do Rio de Janeiro para dizer que o caso de Vila Velha é o mais grave. Para confirmar a tese do professor, basta olhar para o saldo de destruição que a catástrofe deixou no município. O estudo feito por Canedo não só levantou os problemas do município, como apontou soluções para enchentes, que devem ser avaliadas atentamente pelas autoridades. 
 
Apesar da importância do debate, o prefeito Rodney Miranda (DEM), que abandonou o município à deriva nos auge das chuvas de dezembro para passar as férias com a família em Nova York, não achou importante marcar presença no seminário promovido pela Assembleia Legislativa e Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mandou dois secretários representá-lo. Perdeu a oportunidade de provar que realmente está preocupado com os problemas que afetam a população canela-verde.
 
Se Rodney fosse um prefeito sério e comprometido com os problemas da cidade, faria questão de se sentar na “turma do gargarejo” para sorver detidamente cada palavra proferida pelo especialista, que se propôs a estudar a catástrofe na cidade governada pelo prefeito do DEM. 
 
Além de seriedade e comprometimento, talvez falte humildade para o prefeito reconhecer que há muito a aprender, que ele não é o dono da verdade. Exagero? Perseguição? Não, o que existe são fatos. Basta relembrar que quando abortou sua viagem frustrada a Nova York, em função das críticas que recebera por ter abandoado o barco no ápice da tormenta, Rodney voltou trocando os pés pelas mãos. De forma atabalhoada, saiu fazendo buracos como um tatu em áreas de preservação ambiental. Ações que pouco ou nada amenizaram os problemas de milhares de moradores que continuavam com água acima das canelas mais de uma semana após o término das chuvas. 
 
Em tempo: Não podemos deixar de registrar que o prefeito Rodney Miranda, há pouco mais de um mês, foi denunciado pelo Ministério Público de Contas (PMC) por autorizar o patrocínio de R$ 200 mil a um congresso nacional de delegados federais que ocorreu em Vila Velha no início de abril. Fica a pergunta: quanto a Prefeitura de Vila Velha destinou para o seminário que está debatendo um tema de interesse direto para a população canela-verde? 

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