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Casagrande na estrada

O governador Renato Casagrande (PSB) está virando o jogo. Perto dos 32 meses de mandato, ele movimenta-se agora com atitude mais assertiva e com um perfil mais nítido de liderança voltada para a ação, a proatividade e o protagonismo. Está promovendo ajustes finos no governo para ganhar mais agilidade e construir uma marca. E está colocando claramente a sua condição de candidato à re-eleição, embora deixando claro que a agenda administrativa é prioritária. Até porque a re-eleição tem e terá muito a ver com os resultados da sua gestão. Principalmente depois do “ronco das ruas” trazido pelas Manifestações de junho e julho. E por outras que ainda virão.
 
Os ajustes finos na equipe e na máquina de governo já se fazem sentir na maior disposição do governador para promover uma desconcentração da gestão, delegando funções e tarefas e melhorando a coordenação do governo. É visível a prioridade de destravar o governo e adquirir maior capacidade de ação e execução. Não há mais tempo a perder. As prioridades de obras e serviços foram selecionadas e anunciadas. Mobilidade urbana, saúde, segurança e educação. Agora a ampulheta está na mesa e todos vão se lembrar de Cazuza: o tempo não para…
 
Com os recursos próprios para investimentos estimados na casa do 1 bilhão de reais, e mais os recursos captados pela diplomacia federativa que resultou em atração de 3,4 bilhões de reais do BNDES e da Caixa Econômica Federal, sem contar outros recursos federais e sem contar os investimentos federais de empresas como a Petrobras, o governo Casagrande chega perto da sua reta final com capacidade para gastar. E, vale notar, com folga ainda para ampliar o nível de endividamento do Tesouro Estadual, que é um dos mais baixos do país. Casagrande tem, então, “bala na agulha”. O que pode continuar atrapalhando a sua gestão é o baixo estoque de projetos e a baixa capacidade de execução. Vem daí a sua decisão de fazer ajustes finos na equipe e na máquina.
 
Conjugado ao ajuste na gestão, o lançamento do chamado Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal, faz parte também do processo de virada do jogo. Voltado para a execução de projetos em várias áreas, o Fundo vai desburocratizar repasses de recursos aos municípios, fortalecendo as relações do governo estadual com os municípios e, conseqüentemente, com prefeitos, vereadores e deputados estaduais. Mata dois coelhos com uma cajadada só: maior capacidade de execução de projetos e maior aproximação com lideranças locais – que fortalecerá a base político-eleitoral de Casagrande.
 
Ao fim e ao cabo, o governador Renato Casagrande caminha para formatar a marca da ação regional. A sua diplomacia federativa se deu tanto “para cima”, na direção do governo federal, quanto “para baixo”, na direção dos governos locais. São ambas ações regionais.
 
Uma, para conviver com a baixa autonomia relativa do estado do Espírito Santo no contexto nacional e destravar a agenda federal do estado. Outra, para praticar a descentralização de ações para o poder local. Na ação federal, o governo Casagrande tem hoje um balanço positivo. O estado ganhou capacidade de interlocução federal e captou significativos recursos e investimentos federais. Há muito ainda para ser feito. Mas o balanço agora já é positivo. Já na ação municipal, o governo e o governador também agora já podem apresentar balanço positivo. Culminando com o novo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Municipal, orçado em aproximadamente 300 milhões de reais, e com o Programa de Mobilidade Metropolitana, orçado em 3 bilhões de reais. Mas resta resolver os gargalos da falta de projetos e da baixa capacidade de execução.
 
Isso posto, fica ainda a expectativa de consecução da outra marca que era o objetivo inicial do governador: a marca da ação social. Ainda há muito o que fazer. Na saúde, ainda é grande o problema dos pacientes ou na fila sem atendimento ou no corredor. Na segurança, a insuficiência de efetivos na Policia Militar, os índices ainda muito ruins e a sensação de insegurança. E na educação, ainda a evasão, a repetência e a baixa qualidade.
 
Como se sabe, esta questão da ação social tem ainda muito a ver com a questão do legado do governo Paulo Hartung para o governo Renato Casagrande. Mas é salutar o fato de que o governador Casagrande tem vindo a público para reconhecer, por exemplo, o que não se pode comemorar ( segurança ) e o que ainda há muito por ser executado para comemorar (saúde). Ainda há tempo para ganhar terreno nestas áreas até o final de 2014. Com muito foco e muita capacidade de execução. O que não se pode ainda prever é se a marca da ação social será conquistada até as eleições de 2014.
 
Tudo somado, os movimentos mais recentes de Casagrande são todos no sentido de preparar-se para governar com mais realizações e mais resultados administrativos e, ao mesmo tempo, recuperar musculatura política para enfrentar um quadro político fragmentado e competitivo. Com o “ronco das ruas” em estado latente e permanente e com as redes sociais em vigilância e alerta. Ele está na estrada. Com bala na agulha.

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